domingo, 29 de janeiro de 2017

FORMULA 3: ROSSI 1º NA DINAMARCA

Ronald Rossi superou a má sorte

1971 - Depois de vários acidentes, quebra de carros, muito azar e uma quase desilusão que os acompanharam durante tôda temporada de Formula 3 na Europa, os brasileiros Ronald Rossi e José Maria Ferreira, o "Giú", finalmente tiveram seu dia de glória em Selleceberg, Dinamarca.

Neste dia, numa corrida perfeita e emocionante, êles conquistaram respectivamente o primeiro e segundo lugares para a equipe brasileira Royal Label Team Ford.

A prova foi em duas baterias de quinze voltas e uma bateria final de 25 voltas. Desde o início, o Brabham Ford BT-28 de Rossi e o Tecno Ford de Giú mostraram que estavam ali para vencer. E provaram: Rossi ganhou a primeira com dez segundos de vantagem sôbre o alemão Hans Ruller. E "Giú" ganhou a segunda, na última volta, também seguido de perto pelo alemão Ruller: os pneus dianteiros do carro de "Giú" começaram a esvaziar, obrigando-o a diminuir o ritmo da corrida.

A última prova foi sensacional. Rossi e "Giú" ocuparam as duas posições de honra no pelotão de largada e arrancaram como verdadeiros campeões; Rossi na frente, "Giú" logo atrás. Um usando o vácuo do outro, sem se confundirem nas curvas, mantendo a liderança, aumentando volta após volta a vantagem sôbre os outros pilotos, até a bandeirada final.

Ronald Rossi venceu com Brabham

Mas quase que "Giú" não correu. Êle perdeu seu carro, um Brabham Ford BT-28, num acidente em Avus, Alemanha, no dia 12 e só pôde participar na Dinamarca porque John Stonton, do Group Racing Service, colocou seu Tecno-Novamotor à disposição do brasileiro até o final da temporada. O carro pertencia a Giancarlo Nadeo.

É o menor Formula 3 que existe atualmente, com uma distância entre eixos de apenas 2,05 m, o Brabham BT-28 tem 2,30 m. Isso faz com que êle fique mais rápido, mas também, muito difícil de pilotar. Mas "Giú" estava parado, precisava ganhar, aceitou o carro.

Em Avus, "Giú", além do carro, quase perdeu a vida também. Foi uma corrida trágica, cheia de acidentes. Vinte carros largaram e apenas três chegaram. Culpa dos dirigentes, acusam os pilotos. Eles não permitiram o reconhecimento do circuito antes da prova. E explicam: como perto dos boxes a pista estava completamente sêca, a maioria dos pilotos resolveu correr com pneus slicks. Do boxe não dava para ver todo o circuito, pois a pista de Avus é muito longa.

Jose Maria Ferreira, o "Giú"

Mas, assim mesmo, a corrida começou. Num trecho da reta, houve uma desagradável surprêsa: pista molhada, cheia de poças de água. Os carros começaram a sair da pista, a derrapar, capotar, completamente desgovernados. Por sorte, nenhum carro trombou com outro.

Por azar, houve muitos feridos: Giancarlo Nadeo com várias fraturas; Camaroni com queimaduras graves, Ruller com afundamento do maxilar e outros pilotos com ferimentos menos graves. Mas nenhum deles era "Giú".

"Os carros começaram a derrapar de repente, não deu para controlar. O meu Brabham bateu no guard-rail a mais de 240 Km/h. Voou, bateu numa árvore de uns 2 metros de altura, pegou fogo, rodou mais umas cinco vêzes na pista, e bateu novamente no guard-rail.

Parou sem carroçaria e sem rodas, pegando fogo. Eu tentava soltar o cinto de segurança, mas êle estava prêso. Foi a fração de segundos mais longa de minha vida. Quando consegui soltar o cinto, pulei do carro no chão. Meu macacão estava pegando fogo. Não tive nem um arranhão. Foi um milagre."