quinta-feira, 20 de julho de 2017

HALO



Amigos, essa proteção que a FIA quer adotar em 2018, o Halo, deve durar uma temporada. Vai ter o mesmo destino do para-choque da Indy.

Esteticamente é horrível, e sua eficiência também não foi comprovada. Do jeito que foi mostrado parece ser um enfeite. Para ter eficácia teria que ser parte integrante do chassi. Aí correria o risco de virar um carro protótipo sport. Seria o fim dos Formulas.

No final da temporada a FIA vai receber um enxurrada de reclamações dos fãs e vai voltar atrás como aconteceu com os carros da Indy.  

Jules Bianchi morreu por culpa da direção de prova. Culpar o carro não faz sentido. Foi uma fatalidade. Ele entrou embaixo de um trator. Halo nenhum iria evitar a sua morte. Carro de F1 não foi projetado para bater em trator.

O principal motivo da FIA adotar o Halo não é segurança. É dinheiro.

O público dessa F1 moderna não aceita mortes. E a FIA esta preocupada com isso, não quer perder público nem receita.

Antigamente era diferente. Ninguém desejava ver a morte de um piloto, mas público e pilotos sabiam que ela fazia parte desse esporte.

Claro que a gente ficava chateado quando um piloto perdia a vida. Lembro de muitos, Siffert, Cevert, Revson, Peterson, Villeneuve... mas ninguém ia deixar de acompanhar as corridas por esse motivo.

Hoje nesse mundo globalizado se um piloto morre provoca uma comoção mundial. E com o fenômeno da internet isso aumenta. Sem contar com a quantidade astronômica de dinheiro que a F1 movimenta hoje em dia. Uma morte pode significar menos patrocinadores.

O exemplo na morte do Senna (ainda sem internet), onde nós fomos bombardeados diariamente durante um mês com a notícia de sua morte.

Senna teve um funeral maior que o de Getúlio Vargas. Grande parte por causa dessa globalização e pela maciça cobertura que a mídia deu. 

Senna era popular aqui no Brasil, mas não a ponto de parar um país por uma semana. A F1 nunca foi o esporte preferido dos brasileiros.

Uma vizinha que morava a três casas da minha meteu uma bala na cabeça três dias depois da morte do Senna. A mãe dela conversando comigo não entendia o motivo da filha de 15 anos ter feito isso. A garota nunca tinha assistido uma corrida de F1, nem era fã do Senna, mas deixou uma carta dizendo que não aguentava viver sem o Senna.

O jornalista Armando Nogueira foi na TV criticar as corridas, disse que corrida de carros não era esporte. Teve todo tipo de absurdo. Imaginem hoje em dia com o poder da internet.

 É esse tipo de propaganda negativa que a FIA quer evitar.

Hoje quando acontece um acidente numa corrida, a primeira coisa que a TV faz é não mostrar o acidente. Se a batida é feia, eles não mostram nem o replay. O regaste de um piloto só é mostrado caso ele não sofra ferimentos.

Fazendo uma comparação com as touradas, seria como você não mostrar a hora em que o touro chifra o toureiro. O que a FIA quer fazer é obrigar o toureiro a usar um colete de aço por baixo da vestimenta ou serrar as pontas do chifre do touro.

Fazem isso porque eles querem passar uma imagem positiva do esporte, uma coisa "clean", sem mortes nem sofrimento.

Só que morte e sofrimento fazem parte desse esporte. Tivemos um exemplo no mês passado com o acidente do jovem piloto inglês de 17 anos.

Fernando Alonso não morreu na Australia em 2016 porque teve sorte. Não existe carro seguro para uma batida mais de 300 Km/h.

A FIA vai dar um tiro no próprio pé se adotar o Halo para a temporada de 2018.