1980 - Affonso Giaffone venceu a 5ª etapa do Torneio Chevrolet de Stock Cars, realizada em Cascavel . Embora disputada por apenas doze concorrentes (o que em se tratando de Cascavel não chega a ser nenhuma surpresa) a prova foi repleta de alternativas.
Figura até então quase que desacreditada em suas chances, Waltemir "Bolão" Spinelli começou a surpreender nos treinos e continuou na corrida, ao vencer a primeira bateria. Na segunda, a maior falta de experiência de "Bolão" se manifestou e ele escapou na Curva 1, na segunda volta, quando liderava. Habilmente, Affonso assumiu o primeiro lugar, sem, porém, conseguir evitar a ultrapassagem de Ingo Hoffmann, voltas mais tarde.
Dali para frente, Affonso, segundo colocado na bateria inicial, limitou-se a acompanhar de perto o líder Hoffmann, terminando novamente em segundo, mas vencendo na soma de tempos pela ínfima marca de oito décimos de segundo.
Ao mesmo tempo em que a Stock Cars sobe de prestígio e admiração (sem que para isto a General Motors tenha chegado a investir uma volumosa verba) o custo da categoria começa a assustar os pilotos.
A liberdade concedida pelo atual regulamento no que diz respeito a alguns itens - os coletores podem ser trabalhados na parte interna,os pneus são livre de marca e as molas podem ser escolhidas de acordo com a vontade de cada um - acabou por transformar as vitórias em resultantes diretas do melhor equipamento. É óbvio que a habilidade ainda conta pontos, mas, sem dúvida, ter o melhor conjunto ainda é fundamental. E neste aspecto, entra o principal protagonista o dinheiro.
Preocupados com a espiral inflacionária que atinge a categoria, pilotos e membros da GM reuniram-se na noite anterior à corrida de Cascavel para discutir a questão. De concreto, do pacote inicial das reformulações, saiu a abolição dos treinos não oficiais, realizados antes de todas as provas.
A explicação para tal medida pode ser enquadrada na opinião de Affonso Giaffone: "A Stock Cars não é tão cara, nem mesmo a de maior custo do país. Na verdade, provo que, excetuando-se os gastos com pneus, o custo da categoria é menor que a dos Fiat, por exemplo. O que encarece as despesas de cada corrida são os dias prolongados de viagens. A eles, atribuo 60% das despesas de cada equipe. Entre viajar na terça ou quarta-feira para treinar e só chegar na quinta à noite ou sexta de manhã, existe uma diferença enorme em volume de dinheiro gasto".
Mas há quem discorde, ou pelo menos não aceita os argumentos de Giaffone, como sendo os principais na elevação dos custos. Ingo Hoffmann acha que a motivação básica para elevar as despesas está mesmo no regulamento: "Veja bem, só para desenvolver um novo coletor temos que testar vários tipos, em pista, pois o unico equipamento que faria isto em laboratório só quem tem é a própria GM. Nestes testes, gastam-se álcool, pneus, etc..., sem falar no desgaste de outros componentes. Tudo isto custa dinheiro e muito. Alterar o regulamento do ano passado foi um lamentável erro".
Porém, reformular integralmente o regulamento para a próxima temporada não parece ser a melhor alternativa. Ainda, segundo Giaffone, não seria justo mudar tudo de novo: "E quem já investiu? O que se deve fazer é evitar mudanças radicais todo ano. O ideal seria alterar os itens que não incorressem em demorados testes de desenvolvimento. Afinal, mudar tudo, todo ano, aumenta consideravelmente os gastos".
A curto prazo, porém, as maiores manifestações dos pilotos residem na definição de um único tipo de pneus e na colocação de um separador no reservatório de combustível, que funcionaria como um tanque auxiliar, com capacidade máxima de dois litros, apenas para manter a bomba sempre com pressão de sucção. Com isto, acabariam-se os problemas de falta de combustível na bomba, quando o nível do reservatório atingisse uma marca crítica.
Problemas econômicos á parte, o fato é que o equilibrio da categoria não parece sequer ter sido afetado. Para tanto, basta verificar que em cinco provas foram quatro vencedores diferentes.
Alencar Junior terminou os treinos de classificação com a pole position, posição que "Bolão" pleitava para si: "Na primeira sessão, a equipe de cronometragem errou na marcação da melhor volta que fiz. Só posso admitir que eles tenham confundido meu carro com o do Alencar, que passou logo atrás de mim".
Na largada da primeira bateria, Alencar saiu na frente, seguido por Ingo, Bolão, Affonso, Prado e os demais. Na sétima volta, como a esboçar uma reação, Affonso ultrapassou primeiro a Bolão, depois a Ingo, e finalmente a Alencar, ganhando a liderança. Aí, foi a vez de Bolão marcar presença. Contanto com um carro visivelmente mais rápido nas retas e no Bacião, Bolão ultrapassou Ingo, na 15ª volta, e na seguinte repetiu a dose sobre Alencar e Affonso.
Uma vez na frente, entre rezas para nada quebrar e preocupação em não errar, Bolão não foi incomodado, vencendo a bateria.
Na segunda bateria, Bolão poderia ter novamente vencido, caso não desgarrasse na Curva 1, na segunda volta, quando liderava a Affonso e Ingo. Ao voltar a pista estava em sexto lugar. Na sexta volta, Ingo ganhou a posição de Affonso e da ponta não mais saiu.
Enquanto isto, mais atras, Prado e Paulão, ambos com o radiador furado, disputavam a terceira posição, que no final acabou ficando com Bolão. Alencar, por sua vez, também parou no boxe na 19ª volta para soltar a mola do acelerador que havia travado. Com isto, Luís Pereira, até então afastado das primeiras posições, assumiu o quarto lugar, idêntica posição que ocupou na soma de tempos.
Autodromo de Cascavel - 6 julho 1980
Pista seca/2 baterias 25 voltas
1° Affonso Giaffone 2º Ingo Hoffmann
3º Bolão Spinelli 4º Luis Pereira
5º Alencar Jr 6º Paulo Gomes
7º M.Garcia 8º J.Corrêa
9º C.Prado 10º R.Campello
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