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Patrick Depailler primeira vitória
.A primeira vitória de Patrick Depailler num Grande Prêmio teve sabor especial para os franceses: desde 1972 eles não ganhavam em Mônaco, o último tinha sido Jean Pierre Beltoise e, também pela primeira vez, um frânces liderava um Campeonato Mundial de Pilotos de F1.
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A vitória de Patrick Depailler foi merecida. Em sua carreira ele havia conseguido nove segundos lugares, o último dos quais no Grand Prix da África do Sul, quando foi ultrapassado na última volta por Ronnie Peterson. Mas em Mônaco, depois de receber da princesa Grace o troféu pela vitória, ele foi muito aplaudido. Até os italianos reconheceram que Depailler mereceu ganhar, só que muitos deles justificavam a vitória do Tyrrell: "é a Ferrari francesa".
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Atuação perfeita em sua primeira vitória na Fórmula 1. Ele teve alguns problemas para acertar o carro, principalmente no primeiro dia de treinos. Mas graças às informações fornecidas pelo computador instalado no seu Tyrrell, conseguiu largar na quinta colocação.
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Os treinos da primeira sessão de classificação para o GP de Mônaco mostraram que Reutemann era o favorito. Ele conseguiu o tempo de 1 min 29,51s. O segundo foi Mario Andretti, enquanto que Emerson Fittipaldi ficou com o 12º tempo, que acabaria sendo o de largada. Na segunda sessão Emerson esperava receber pneus de compostos mais macios (a Goodyear tinha três tipos em Mônaco _ dois para classificação) mas Emerson ficou 45 minutos sentado no carro e só então recebeu pneus usados, não conseguindo melhorar o tempo, pois deu apenas cinco voltas e o treino terminou.
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Enquanto isso Reutemann melhorava seu tempo e Niki Lauda subiu para a segunda colocação ao marcar 1 min 28,84s. Na última sessão, válida para definir as posições de largada, John Watson foi o destaque com o tempo de 1 min 28,83s, que lhe valeu o segundo lugar.
Enquanto isso Reutemann melhorava seu tempo e Niki Lauda subiu para a segunda colocação ao marcar 1 min 28,84s. Na última sessão, válida para definir as posições de largada, John Watson foi o destaque com o tempo de 1 min 28,83s, que lhe valeu o segundo lugar.
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Quase todos os pilotos melhoraram a classificação nesse treino; apenas Emerson continuou com o mesmo tempo e quase ficou fora da corrida. A seguir o desabafo do Rato:
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"Se eu tivesse tido pneus de classificação como quase todas as equipes, acho que poderia ter marcado ponto nesse Grande Prêmio de Mônaco. Talvez largasse entre os doze primeiros e pudesse brigar pelas colocações do Pironi e do Patrese. Reclamei muito da Goodyear, mas o máximo que consegui para a última sessão de treinos foi um jogo de pneus usado e desbalanceado que fez com que o carro se desequilibrasse completamente.
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Prometeram que nas próximas corridas vou receber o mesmo tratamento dado às outras equipes. Só quero ver se cumprem o que estão prometento. Eles não estão considerando que a Equipe Copersucar-Fittipaldi é a única não-européia da Fórmula 1 e que por isso deveria merecer um pouco mais de atenção".
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"Antes de viajar, fizemos um pequeno teste em Paul Ricard: os dois carros estavam com o motor falhando e isso me assustou muito, pois eram motores que tinham acabado de ser revisados. Resolvemos trocá-los em Mônaco, e isso não foi nem um pouco simples: deu um trabalho árduo para os mecânicos".
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"Iniciei o primeiro treino com o carro que teoricamente deveria apresentar menos problemas, mas dei azar pois o motor falhava muito. Saí com o segundo carro e a falha continuou. Trocamos várias coisas tentando sanar o problema, mexemos no sistema elétrico inteiro, até que depois de 40 minutos de treino o David Luff resolveu cortar o limitador de rotação, pois algumas vezes a falha provém dessa peça.
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Sem o limitador, o motor começou a funcionar perfeitamente e uma das minhas maiores preocupações, então, era fazer um bom tempo na meia hora final para mostrar à Goodyear a injustiça que foi não terem nos dado logo nesse treino os pneus macios. Depois desse treino eu estava em nono entre os carros equipados com pneus Goodyear e tinha sido o mais rápido com os pneus duros.
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O carro estava bom, mas os tempos não baixavam por causa dos pneus. Parei nos boxes e eles ainda não estavam à nossa disposição. Fiquei então quarenta minutos parado dentro do carro, esperando.
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Tive vontade de morder o volante, chutar o painel e ir brigar com o pessoal da Goodyear. Confesso que foi o momento de maior frustação da minha vida. O que me deixou mais furioso foi que carros que tinham sido mais lentos do que o meu na primeira sessão receberam antes os pneus macios e puderam melhorar seus tempos.
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No entanto, no acordo feito no começo do ano, eles disseram que, embora não pudessem fornecer pneus para todos, os forneceriam para os melhores. Ora, eu estava entre os melhores pilotos no primeiro treino. No último treino, me deram um jogo de pneus usado. Se alguém devolveu à Goodyear pneus de classificação foi porque eles não estavam bons. E foi isso que aconteceu. Não consegui melhorar meu tempo e só me classifiquei graças à meia hora do primeiro treino".
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Antes da corrida, os organizadores reuniram os pilotos para informar que, se houvesse problemas com o carro titular na volta de apresentação, haveria possibilidade de se correr com o carro reserva. Um carro oficial pegaria o piloto e o levaria para os boxes.
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Uma coisa que chamou a atenção foi o centro de controle instalado em Mônaco. Numa torre de vidro de 20 metros de altura, os organizadores acompanharam os treinos e a prova por meio de 26 monitores de televisão em circuito fechado, que permitiam seguir cada carro pela pista toda. Havia também video tape, o que permitia reconstituir imediatamente qualquer ocorrência, e três canais de rádio, um para as ambulâncias, outro para a polícia e o terceiro para os fiscais.
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Logo depois da largada, dois pilotos perderam as condições de lutar pela vitória: Carlos Reutemann e James Hunt. Logo após a reta dos boxes, os pilotos entraram juntos na curva St Devote, Watson fechou Lauda, que o estava ultrapassando, e o austriaco acabou batento na roda traseira da Ferrari de Carlos Reutemann. Com o carro desequilibrado, Reutemann bateu violentamente no guard rail, e James Hunt, que estava logo atrás, teve de frear; as rodas dianteiras bloquearam e ele também bateu no guard-rail. Reutemann e Hunt tiveram de parar nos boxes. Só que Hunt ainda retornou na mesma volta, enquanto o argentino perdeu uma. Lauda foi injustamente criticado pelos italianos por ter batido na traseira do carro de Reutemann.
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Emerson conseguiu ultrapassar Rolf Stommelen na curva St Devote e passou em 17º lugar na primeira volta, colado na traseira do carro de Rupert Keegan. Na volta seguinte Emerson ganhou mais duas posições, quando Keegan e Stuck rodaram na curva Loews, colando na traseira do Renault Turbo de Jabouille.
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Mas daí em diante ficou mais difícil para ele, pois o turbo quase parava nas curvas de baixa velocidade, porque precisa de mais espaço para frear, já que não tem freio-motor. Por causa disso ambos perderam contato com Pironi, Ickx e Patrese, que disputavam o 11º lugar.
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A liderança de Watson era tranquila. A corrida estava movimentada e esperava-se que John Watson fosse manter a liderança até o final, mesmo porque em Mônaco é quase impossível ultrapassar. Mas ele teve problemas com os freios e não conssegiu contornar a gincana na 38ª volta e foi ultrapassado por Depailler.
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Enquanto isso Lauda pôde mostrar seu talento ao se recuperar, ultrapassando Scheckter e novamente John Watson, chegando em segundo lugar com apenas 22 segundos de desvantagem para Depailler. Scheckter que conseguiu seus primeiros pontos do ano reclamava muito:
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"Consegui esses pontos com meu velho carro, tendo que deixar o novo Wolf WR5 encostado nos boxes. Nos treinos, quebramos sete relações de marcha, provalvemente por culpa da suspensão redesenhada do novo modelo, que propociona melhor tração nas rodas motrizes. Por isso decidimos largar com o carro velho. De qualquer maneira, meu terceiro lugar foi ótimo, e talvez agora possamos vender nosso velho WR1 para um museu e torcer para o novo dar certo".
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Emerson ainda acabou em nono lugar, mas depois que se livrou do turbo de Jean-Pierre Jabouille seus tempos melhoraram, no entanto sem qualquer chance de alcançar Carlos Reutemann ou Patrick Tambay. Ele explicou:
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"Ele (Jabouille) era muito lento nas curvas, mas nas retas, quando dava força total, o carro dava um pulo e abria alguns metros de mim, não dando oportunidade para que eu chegasse ao seu lado na próxima freada. Depois de umas vinte voltas os pneus dele começaram a soltar pedaços, que batiam na minha viseira e no cockpit do carro. Pensei que logo ele pararia nos boxes. Mas continuou e, por algumas vezes, meu bico ficou paralelo com os pneus dianteiros do carro dele. Me deu vontade de bater na sua traseira, mas pensei no radiador de óleo, que fica no nariz do carro, e voltei atrás. Quando finalmente ele teve de parar para trocar os pneus, encontrei a pista limpa e senti que o Copersucar estava muito bem, faltava apenas um pouquinho de potência no motor. Ainda cheguei em nono e fiquei contente com a vitória do Depailler, que está há cinco anos na Fórmula 1 e nunca havia vencido um GP ".
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Mônaco Grand Prix - 7 de maio 1978
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- Patrick Depailler / Tyrrell 008
- Niki Lauda / Brabham Alfa BT46
- Jody Scheckter / Wolf Ford
- John Watson / Brabham Alfa BT46
- Didier Pironi / Tyrrell 008
- Riccardo Patrese / Arrows
- Patrick Tambay / McLaren M26
- Carlos Reutemann / Ferrari 312T3
- Emerson Fittipaldi / Copersucar F5A
- Jean Pierre Jabouille / Reunault RS01
- Mario Andretti / Lotus MK3
- Gilles Villeneuve / Ferrari 312T3
- Ronnie Peterson / Lotus MK3
- James Hunt / McLaren M26
- Rolf Stommelen / Arrows
- Alan Jones / Williams FW6
- Jacky Ickx / Ensign N177
- Hans Stuck / Shadow DN8
- Jacques Laffite / Ligier Matra JS09
- Rupert Keegan / Surtees Ts19
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