sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fórmula Ford

Vitória da Garra e do Talento de Ferri



Desconfiado, combativo, duro nas disputas dentro e fora da pista, criticado e elogiado por seus adversários, o gaúcho Amadeo Ferri ainda demonstrou, nos sete anos em que disputa a Fórmula Ford, uma qualidade a mais: persegue a vitória em cada prova (e o título brasileiro, que sempre acabou lhe escapando) com uma garra sem limites. Ferri jamais desiste; parece até que as dificuldades o motivam a correr melhor e mais forte.

Em Cascavel, ele somou todos esses fatores para vencer uma corrida impossível: quase destruiu seu carro num acidente na segunda volta de sua bateria eliminatória, largou em 24° e último lugar na bateria final, passou para o 12° na segunda volta, tomou a ponta na 11ª volta e recebeu a bandeirada da vitória com 0,37s de vatagem sobre o segundo colocado, Fernando Dias Ribeiro.

" Meu carro estava perfeito, e eu acho que também estava bem, disse Fernando, que na sétima volta tinha uma boa vantagem de 6 segundos sobre Ferri, mas foi impossível segurar o Amadeo, que guiou muito hoje ".

Nos treinos, Ferri tinha sido o mais rápido, depois de superar um problema que quase o impediu de correr; na quinta-feira, quebrou-se a caixa satélite de seu diferencial, e não havia nenhuma á venda (os F Ford usam caixa Hewland, inglesa).

A apenas poucos minutos do início dos treinos, no sábado, Ferri conseguiu superar o problema, improvisando duas engrenagens de Passat para substituir as quebradas. Seu carro, então, ficou perfeito, e logo nas primeiras voltas mostrou-se o mais rápido em Cascavel, já que Ferri tinha treinado extra-oficialmente no início da semana, junto com seu companheiro de equipe Jorge Martinewski e mais quatro pilotos gaúchos e paranaenses.

A permisão da Federação local para esses treinos livres, agora proibidos pela CBA, provocou protestos dos pilotos paulistas e cariocas, mas no final, para não prejudicar a categoria, nenhuma reclamação oficial foi apresentada.

Eduardo Cardoso

Amadeo Ferri manteve a ponta na largada, seguido muito de perto por Jaime Figueiredo que, na reta dos boxes, chegou a ultrapassá-lo, perdendo a posição na entrada da curva do Bacião, a mais veloz, importante e perigosa de Cascavel.

Completada a primeira volta, Jaime novamente saiu do vácuo de Ferri e percorreu toda a reta ao seu lado esquerdo. Na entrada da curva do Bacião, onde chegaram emparelhados, nenhum dos dois quis ceder a posição e o resultado foi um acidente que por muito pouco não teve conseqüências mais sérias.

Tocado pela roda dianteira do Jaime, Ferri rodou à sua frente; no choque, Jaime acabou voando sobre ele e aterrissando no barranco, com seu carro definitivamente fora da prova, enquanto, Ferri conseguia voltar à pista com o bico totalmente amassado, a suspensão torta e o radiador furado.

" Jaime podia até ter feito a curva em minha frente, pois ia por dentro, reclamava Amadeo, mas em vez disso preferiu me prensar para a direita, como se quisesse me tirar da pista ".

" Ferri, como todo mundo sabe, não faz tomada para as curvas: vem de fora, faz o carro derrapar e embicar para a trajetória. Foi assim que ele fez. Só que aí eu estava na tangência, dizia Jaime e o choque foi inevitável. Acontece que todo mundo afina diante dele na pista, e eu não estou mais disposto a afinar" .

Desengonçado, risonho e invariavelmente sujo de graxa, Fernando Dias Ribeiro (irmão de Alex) caminha rapidamente para tornar-se um dos melhores pilotos da Fórmula Ford brasileira. Mais experiente, Fernando mostrou um eficiente controle do carro nas dez voltas de sua bateria eliminatória, que venceu de ponta a ponta, sem ser ameaçado por ninguém.


Amadeo Ferri e Fernando Dias Ribeiro

Com uma largada perfeita, Fernando Dias Ribeiro tomou a ponta da bateria final e, na segunda volta, já exibia uma confortável vantagem sobre Eduardo Cardoso, Negrão, Sala e Aluísio Andrade, que vinham num bloco compacto à frente de Martinewski, Drugovich e o desaminado campeão do ano passado, Artur Bragantini.

Com seu motor rendendo pessimamente desde os treinos, Artur não tinha nenhuma condição de acompanhar os líderes. "Mexemos em tudo " diz Anésio, seu preparador, " e não descobrimos o que há com esse motor"".

Trabalhando furiosamente no intervalo para essa bateria final, Ferri conseguira recompor seu carro, e seu companheiro de equipe, Jorge Martinewski, preparava-se para ceder seu lugar a ele. Embora tivesse boas chances na prova, Jorge é segundo piloto e seria sacrificado se não fosse a desistência de Marco Antonio Ribeiro, que dera só nove voltas em sua eliminatória e cedeu a 24ª e última posição a Amadeo.

Depois de largar na 24ª posição, já na décima volta Amadeo assumiu a liderança, sob os aplausos do público e os olhares de incredulidade de todo o pessoal dos boxes. A melhor corrida de sua carreira e uma das melhores já vistas na Ford.

RESULTADOS

  1. Amadeo Ferri / BINO
  2. Fernando Dias Ribeiro / POLAR
  3. Eduardo Cardoso / AVALLONE
  4. Rommell Pretto / BINO
  5. Aluísio Andrade / BINO
  6. Maurizio Sala / BINO
  7. Alexandre Negrão  / AVALLONE
  8. Jorge Martinewski / BINO
  9. Artur Bragantini / BINO
  10. Sergio Drugovich / BINO
  11. Luis Alberto Castro / BINO
  12. Marco Covas Neto / BINO
  13. João Narcizo / BINO
  14. Ciro Aliperti / POLAR
  15. José Catnhede / HEVE
  16. Joaquim Cardoso / BINO
  17. Edi Bianchini / AVALLONE
  18. John O'Donnell / BINO
  19. Valdir Favarin / ALBATROZ
  20. Ivo Mendes Lima / BINO
  21. Jeferson Fonseca / BINO
  22. Tamoio Fedumenti / LOLA
  23. Claudio Gonzalez / AVALLONE
  24. Saul Mario Caus / BINO