quinta-feira, 31 de julho de 2014

UM ÍDOLO, ONDE ENCONTRAR?




Em mais de 30 anos de existência, o Campeonato Mundial de Pilotos nunca enfrentou uma crise como a que atualmente se abate sobre a Fórmula 1: a falta de ídolos.

Curiosos: em termos financeiros, a categoria vai muito bem, apesar da violenta crise em que se encontra submersa a economia mundial. É claro que o automobilismo também acusou o impacto dos tempos difíceis que atravessamos, mas a categoria que menos sofreu foi exatamente aquela que abriga as grandes equipes e pilotos de Fórmula 1.

Ao mesmo tempo, o desenvolvimento profissional do esporte provocou o aparecimento de grande número de pilotos capacitados  para guiar um Fórmula 1. Atualmente, existem cerca de 50 deles em condições de se destacar, desde que contando com um carro de ponta como o Ferrari, o Renault ou o Brabham.

Certamente, não com o brilhantismo de Prost, Piquet e Rosberg, mas a superioridade da máquina sobre o homem é tal que um piloto razoável, com um ótimo carro, supera sem qualquer problema um piloto talentoso com um carro do segundo grupo de equipes.

Aí pode estar embutida uma das causas da crise. E ainda há outra: os principais pilotos da nova geração, eles mesmos, Piquet, Prost e Rosberg, são profissionais de grande talento, técnica e arrojo e, ao menos neste aspecto, nada ficam devendo aos grandes ídolos do passado. Porém, falta-lhes o carisma, a aura que acompanhava nomes como Fangio, Clark, Hill, Stewart e Emerson Fittipaldi.

Talvez por serem extremamente profissionais, eles praticamente esqueceram o lado humano, na verdade, a principal característica de um ídolo. Por suas próprias atitudes, estão muito mais para um supercomputador do que para um super-homem.

Não há neles a simplicidade de um Clark, o senso de humor de Hill, a presença de espírito de Stewart, a simpatia de um Emerson ou mesmo o jeito debochado de Hunt.

Da nova geração, o único que atingiu a condição de ídolo foi o canadense Gilles Villeneuve, apesar de ter um temperamento retraído fora de um carro de corrida. Dentro de sua Ferrari, porém, Gilles era a personificação de tudo o que se espera de um ídolo: a superação constante de todos os limites, sem a preocupação com o perigo.

Mas é forçoso reconhecer que dirigentes, chefes de equipes e patrocinadores se tem empenhado para tentar suprir essa carência. Uma idéia válida, nesse aspecto, foi promover a volta de Niki Lauda à Fórmula 1. Mas a estratégia não deu resultado. Na verdade, Lauda foi o primeiro piloto-computador. Quando chegou ao primeiro título mundial, era uma pessoa insuportável em todos os sentidos. E ganhou o campeonato mais pela superioridade de seu carro do que em função de seus dotes. O lado humano de Lauda, só se tornou conhecido depois do terrível acidente em Nurburgring.

Na ausência de disputas na maioria das provas também tem contribuído para diminuir a atenção do público pela Fórmula 1, o que preocupa os interesses da categoria.

Atualmente, ao invés de procurar talentos, equipes e patrocinadores estão mais ocupados na busca de um homem que se imponha não só por sua técnica, mas também pela faceta humana.

Um nome: Ayrton Senna da Silva.

Apesar da timidez, ele tem uma característica fundamental: sempre se destacou sobre os adversários em todas as categorias por que passou e atualmente é o piloto mais procurado pelos chefes das principais equipes da Fórmula 1.