terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O ESPORTE DOS CAMPEÕES ESTÁ EM CRISE

Apesar da crise, nosso kartismo ainda conseguiu produzir Ayrton Senna da Silva: na foto, quando se tornava vice-campeão mundial em Portugal, 1979



O kart um esporte que teve seu auge quando Emerson Fittipaldi conquistou o Campeonato Mundial de Fórmula 1. Ele começou a carreira no kart e este detalhe foi bastante evidenciado. Mas depois as coisas foram se complicando.

Dirigentes incompetentes, preços elevados dos karts, manutenção e equipamentos caros, má organização e pouca divulgação das corridas são apontados como as principais causas da crise.

A temporada passada em São Paulo (que sempre foi o maior centro do kartismo brasileiro) começou com mais de 100 kartistas e terminou com apenas 39 concorrentes entre as seis categorias disputadas.

Maneco Combacau explica que a sofisticação do kartismo é que acabou por levá-lo ao impasse atual. "Antigamente, o kartismo era muito melhor e bem mais fácil para quem quisesse. Era um hobby. Você guardava o kart na garagem de sua casa e o preparava para correr sempre com aquele grupo que se reunia no Jardim Marajoara, no Ibirapuera, ou em cidades do interior. Agora tudo mudou."

Maneco, 45 anos, uma ótima memória para a história do kartismo paulista, acrescenta que a alteração mais substancial ocorrida no esporte está na área dos custos. "Ninguém mais prepara seu próprio kart. Ele agora fica guardado em garagens especiais de preparadores que realmente cobram caríssimo."

Juntamente com Carol Figueiredo, na Escola Paulista de Kart, Maneco ensinou as manhas do esporte a mais de 600 aficionados. Em sua opinião, a melhor época do kart no Brasil coincide com a construção do kartódromo de Interlagos em 1968.

As opiniões de Maneco pesam. Afinal, para Carol, seu companheiro de grandes disputas, ele "foi o maior kartista de sua época".

E o curioso é que a crise se registra no momento em que o kartismo brasileiro possui um dos melhores pilotos do mundo: Ayrton Senna da Silva. Com 20 anos de idade, ele foi vice-campeão mundial, no ano passado, no campeonato disputado em Portugal, que só perdeu por um erro grosseiro do regulamento.

O entusiasmo dos kartistas parece resistente mesmo nestes tempos difíceis. O primeiro sinal animador que detectaram no horizonte: o patrocínio que o kartismo terá da Fiat Veículos S/A.

O resto é esperança. Ou muita fé na habilidade de Ayrton Senna da Silva, que, para Carol Figueiredo, "revolucionou pelo seu estilo maravilhoso de guiar".

Por isso tudo, é o pensamento dominante entre os kartistas, um esporte que forneceu grandes nomes ao automobilismo brasileiro (Emerson, Pace, Nelson Piquet, Chico Serra e muitos outros) não pode ficar numa situação dessas.