quarta-feira, 8 de agosto de 2018

JARAMA





1978 - Um quarto lugar e mais três pontos. Isso foi tudo que consegui no Grande Prêmio da Espanha, mas quando desci do carro Peter Warr estava satisfeito:

"Você mereceu seu salário hoje", ele brincou.

Eu estava fisicamente esgotado, e tinha bolhas em toda a palma da mão direita, causadas pela alavanca de câmbio. Havia sido uma corrida dura.

Muita gente pensa que Mônaco é o circuito que mais exige do piloto, mas eu acho que Jarama é pior. Tem apenas 3,4 Km de extensão e quinze curvas fechadas, mas sua velocidade média é em torno de 150 Km/h !

Não há nenhum lugar para relaxar durante as voltas, o que provoca um esforço físico e mental imenso.

Eu mantenho minha forma com ginástica, levantamento de pesos e corridas a pé, e tudo que posso dizer é que é incompreensível como muitos outros não se cuidam.

No final da prova comecei a ultrapassar alguns deles: a primeira coisa que identifica um piloto cansado é que ele não consegue manter a cabeça reta nas freadas e acelerações. E são sempre fáceis de ultrapassar, embora seja preciso cuidado, pois eles podem, de um momento para outro, cometer um erro.

Meu quarto lugar foi, de fato, um prêmio pelo esforço: normalmente, era para eu terminar em sétimo ou oitavo, posição em que larguei depois de ter problemas de falta de aderência na traseira durante todo o treino.

Fiquei por um bom tempo em oitavo, até ser ultrapassado por Peterson, Niki e finalmente Depailler, que escolheu um lugar terrível para isso.

Por uns 400 metros nossas rodas ficaram lado a lado, quase encostadas, se eu não tivesse errado uma troca de marchas durante essa curva talvez tivesse conseguido resistir. Mas meu carro estava muito difícil de manejar, e só fui subindo de posição graças a muito esforço e às quebras dos demais.

Quanto a Mario e Ronnie, eles apenas confirmaram o que todo mundo já sabe: os Lotus são, hoje, um grupo de competidores totalmente à parte dos demais.

Quando Colin Chapman acerta, "acerta mesmo".

O Lotus 72, com o qual Rindt e Emerson foram campeões mundiais, era fantástico e estabeleceu uma nova tendência na época. E este novo é assim: algo em que todos os demais terão que se basear para evoluir.

A Brabham apareceu com seu "carro-ventilador": basicamente, o que eles fizeram foi colocar na traseira todos os radiadores de água e óleo, à frente de um enorme ventilador que suga o ar para eles.

Muita gente pensou que aquilo fosse um aparelho para provocar sucção e grudar o carro ao solo, como um carro que Jim Hall fez nos EUA anos atrás e que foi banido das pistas por infringir os regulamentos.

Mas o ventilador dos Brabham tem apenas a função de refrigerar os radiadores, e por isso é perfeitamente legal, embora possa proporcionar um pouco de aderência a mais.

A principal vantagem da inovação é que ela permitiu "limpar" a frente do carro (onde estavam os radiadores), mas serve também de exemplo para a sofisticação que os carros de Fórmula 1 estão tendo.

Antigamente, podia-se vencer corridas apenas com um bom piloto e um bom motor. Hoje, é preciso muito mais.