sexta-feira, 17 de abril de 2015

BIRIGUI


1984 - Se a batalha é difícil para quem corre de automóvel, sobre duas rodas tudo é pior. Principalmente porque, ao contrário do automobilismo, o motociclismo brasileiro, que aqui padece de estrutura, máquinas e provas, é totalmente ignorado na Europa, onde estão os grandes pilotos, os grandes campeonatos e as melhores motos.

Para os raros pilotos nacionais que se atrevem a ir para lá ( nos últimos 15 anos, a lista se resume a Adu Celso, Edmar Ferreira, Marco Antônio Greco, Cláudio Girotto e Antônio Jorge Neto, o Netinho), as dificuldades não se resumem a dinheiro, esquema de equipe, moradia, língua e comida. Antes de tudo, é preciso conseguir correr: há sempre tantos pilotos europeus inscritos nas provas que os organizadores distribuem as vagas para os treinos de classificação de acordo com o ranking de cada um, ou por influência política. Como os brasileiros chegam sem nem uma coisa nem outra, muitas vezes nem correm.

Bicampeão brasileiro da Fórmula Honda 400 em 1982 e 83, José Xavier Soares Neto, o Birigüi, 23 anos, cujo apelido vem da cidade onde nasceu, no Estado de São Paulo, sabia disso quando embarcou para a Europa este ano.

Sem falar uma palavra de inglês e com 40.000 dólares dos patrocinadores Daytona e Prológica, está tentando ainda sem sucesso correr no Campeonato Europeu da Categoria 250 cc.

Enquanto não consegue, mora com o amigo Maurizio Sala e correm em provas dos campeonatos ingleses. Já fez seis, e venceu uma no circuito de Mallory Park, a primeira, desde 1973, na Europa, quando Adu Celso ganhou um Grande Prêmio da Espanha.