1960 - José Gimenes Lopes pertence à geração de Chico Landi.
Aos 42 anos é um veterano e "está pendurando as chuteiras". Normalmente o acaso do campeão é algo melancólico.
É uma brusca passagem da dinâmica para a estática. Mas Gimenes não pretende ficar estático.
Pelo contrário, continuará imergido no clima do esporte automobilístico, como diretor da "Escuderia Tubularte" que reúne sete volantes, entre os quais Alberto Carraro, Celso Lara Barberis, Luiz Americo Margarido.
A escuderia mantém mecânicos especializados, promove a aquisição de peças para os carros e dá assistência aos volantes, que cobrem as despesas em contribuições mensais.
Jose Gimenes Lopes acha que a idade, as responsabilidades dos negócios e de família, "principalmente os filhos", determinam o "cessar fogo" de um automobilista.
Êste precisa ser jovem, solteiro, calmo, decidido e rico. 60% dessas condições são inatas, e os outros 40%, boa máquina, perícia, estado atlético e psicológico, podem ser aprendidos ou adquiridos.
A conquista da velocidade é o maior chamado para o automobilismo.
"O automobilismo é um esporte como outro qualquer, com duas exigências a mais: diploma e condição financeira", diz Gimenes.
A escola é importante, enquanto, nos outros esportes, campeões são aquêles que fogem das aulas, quando crianças, para treinar, no automobilismo, campeões são os que aprenderam mais na escola.
O automobilista tem que conhecer mecânica, deve perceber a "relação do diferencial" de acôrdo com o circuito, ter em vista o trinômio "regime-pêso-potência" da máquina, saber o ângulo da curva, conhecer a inércia, física, enfim: Com isso, ninguém que não tenha pelo menos um diploma, poderá ser um "ás da velocidade".
O automobilismo é o esporte do arrôjo, da corrida a favor do perigo, em que um só segundo de vacilação pode ser o fim. O fim da esperança de uma vitória na prova, ou o "fim da vida".
Isso atrai jovens, para os quais nada é impossível e, vamos ser claros, o senso de responsabilidade é relativo.
