Pessoal, peço desculpa aos leitores do blog, mas volto ao assunto do assassinato de dez crianças no Ninho do Urubu. Porque parece que essa tragédia vai ter o mesmo fim que outras tiveram: a impunidade.
Como comentei aqui no post anterior, depois de assistir no domingo a entrevista do presidente do Flamengo, tive a pachorra de ler todos os blogs, tweeter, etc, de "entendidos" da nossa "medíocre" imprensa esportiva.
Repercussão "zero",
um ou outro, comentou alguma coisa de no máximo duas linhas. O termo mais usado: "FOI MAL"...
Juca Kfouri foi um desses: "Landim falou, enfim. Mas foi mal.."
Como não era com seu desafeto Ricardo Teixeira, seu comentário foi curto. Se fosse com Teixeira iria escrever 5 páginas pedindo a sua condenação !
Li, também, a do PVC, "aquele que tem nome de cano" (foi o Neto que disse), É "li". Porque entender o que aquele cara fala é difícil. A primeira coisa que ele devia fazer era contratar uma fonoaudióloga.
O título do seu post foi "Flamengo entre a tensão do Ninho e a alegria do Maracanã... " isso é título de filme concorrente ao Oscar !
Em um trecho ele comenta:
"Pecado é usar a palavra "fatalidade." Ainda que se precise olhar com atenção ao que dirá a perícia, o melhor vocabulário para o que houve no Ninho do Urubu é "incêndio." Por que ele foi causado, de quem é a culpa, "se houve", o Corpo de Bombeiros dirá nos próximos dias. A responsabilidade é do Flamengo sobre quem estava dentro de suas instalações. Quando fala publicamente, Rodolfo Landim não nega que o Flamengo tenha de assumir o ônus de tudo o que houve.... "
Só escreveu bobagens...
Ô PVC, "se houve"....Eu vou te contar uma coisa...HOUVE um crime!
Pra começo de conversa, aquelas crianças morreram queimadas NUM ESTACIONAMENTO !
É, E.S.T.A.C.I.O.N.A.M.E.N.T.O !
O Flamengo "empilhou" aqueles caixotes em um lugar que era para ser estacionamento. Aquelas crianças não estavam dormindo em um "dormitório". Estavam em caixotes empilhados num estacionamento. Sem alvará da prefeitura e dos bombeiros.
Isso, em qualquer lugar do mundo, já é indício suficiente para prender pessoas por assassinato.
O sr Landim, que se acha mais esperto do que todo mundo. Armou aquela entrevista aconselhado por algum "marqueteiro" de quinta categoria, num domingo as 3 da tarde, justamente para ter pouco repercussão.
Garanto que muito desse jornalistas que comentaram, "Foi Mal", nem se quer assistiram a entrevista completa, porque nesse horário estavam todos se preparando para os jogos da tarde. Repetiram o que leram dos outros...
Infelizmente a imprensa esportiva é esse lixo. Aqui nos não temos jornalismo investigativo, como o Lowell Bergman que foi produtor do programa dominical "60 Minutes", da rede de TV CBS.
Mas, nem tudo está perdido.
Ontem, dando uma navegada pela rede, encontrei no Blog Estação Nêumanne, essa excelente entrevista com o jornalista Fernando Coelho, na qual ele comenta a tragédia do Flamengo.
Segue trecho abaixo:
Nêumanne – O que dizer do Clube de Regatas do Flamengo, que faz veicular nas emissoras de televisão um anúncio em que chama sua torcida de nação, a camisa de seu time de futebol,de manto sagrado e seu ídolo, de entidade, chama de “fatalidade” um incêndio resultado de condições precárias de instalações onde moravam adolescentes, que o clube transforma em símbolos, ao dizer que “craque o Flamengo faz em casa”?
Fernando – Também tenho perguntado em meu Facebook por que não tem nenhuma ação que possa levar o presidente do Flamengo para a cadeia. A entrevista que ele deu, depois de dias e dias de arrogante silêncio, considero uma temeridade para a democracia, para a vida, para o respeito cidadão. Foi déspota, grosseiro, petulante, insensível. Tratou o assassinato de dez crianças sob a guarda do seu clube como um negócio, como um campeonato, discutindo para baixo o custo de indenizações, que são, somente, uma compensação material para tanta dor das famílias. O cara foi deselegante e sabemos por quê. Ele, cartola, cacique, como os demais presidentes de clubes de futebol, representa a máfia desse esporte eminentemente nacional, pelo qual o povo deixa de comer para ir levar bomba e porrada nos caros estádios. A prisão nos Estados Unidos do cartola-mor, José Maria Marin, não vai inspirar ninguém a me contestar. O sujeito que preside o Flamengo, cuja torcida é cúmplice da tragédia, representa os reis do futebol. Ricos, prepotentes, hipócritas, com os bolsos cheios. Já houve algum manifesto da maior torcida brasileira exigindo decência do Flamengo? Algum abaixo-assinado solicitando humanidade da diretoria do time? A hipocrisia e a falsidade são outra grande torcida brasileira.
Quem quiser ler a entrevista completa publica ontem 27/02 no endereço abaixo.