terça-feira, 5 de janeiro de 2021

COFRES VAZIOS, PANDEMIA ... E BRUNO COVAS VAI GASTAR 100 MILHÕES COM F1

2021 começa com corte de verbas ... aumento do próprio salário e 100 milhões para a F1
 


São Paulo renovou o contrato com a Fórmula 1 após vencer uma disputa com o Rio de Janeiro, que pretende construir um autódromo na região de Deodoro. O grande entrave de toda a negociação envolvendo as duas cidades foi o pagamento da taxa de promoção, cobrada pela Fórmula 1 para cada um dos promotores que realizam provas. Nas edições de 2017, 2018 e 2019, por exemplo, o GP do Brasil era o único ao lado de Mônaco a não pagar a taxa (veja lista abaixo)  devido a um acordo feito com o então chefe da F-1, Bernie Ecclestone. Depois que o grupo Liberty Media assumiu o controle da categoria, a empresa procurou fazer da etapa brasileira um evento mais lucrativo e vantajoso.


A Secretaria Municipal de Turismo já fez dois repasses, no mês de dezembro, que totalizaram R$ 17,7 milhões, diretamente para a Formula One World Championship, de acordo com o Diário Oficial desta terça-feira. O repasse foi descrito como para a "aquisição dos direitos, pelo Município de São Paulo, para a realização do evento denominado Grande Prêmio de São Paulo". O contrato foi feito sem licitação e as informações do processos administrativo estão sob sigilo. O Estadão pediu esclarecimentos à gestão Bruno Covas (PSDB), mas não teve resposta até a publicação dessa reportagem.

A Prefeitura de São Paulo pagará R$ 100 milhões para realizar o GP de Fórmula 1 em Interlagos pelos próximos cinco anos. Segundo o Diário Oficial do município desta terça-feira, o acordo assinado em 23 de dezembro de 2020 e válido até 2025 com a empresa MC Brazil Motorsport Holding Ltda. tem como objetivo a "contratação de empresa para realização do Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1".

Nos anos anteriores, a cidade não pagava diretamente para a realização da Fórmula 1. Os recursos públicos eram investidos para melhoria da pista do Autódromo de Interlagos (que é da Prefeitura), mas não para os organizadores do evento. Quando anunciou a permanência da prova na cidade, no dia 16 de dezembro do ano passado, a gestão Bruno Covas (PSDB) não informou que recursos públicos seriam repassados aos organizadores.

Os pagamentos realizados em dezembro foram definidos na véspera de Natal, quando o próprio prefeito autorizou a emissão de duas notas de empenho em favor da Formula One World Championship, para pagamento de despesas relativas à retenção do Imposto de Renda e demais taxas envolvidas no processo descrito como contratação para realização do GP.

Em 2013, durante a gestão Fernando Haddad (PT), a Prefeitura assinou um acordo que previa o não pagamento para a realização da prova durante oito anos, o que foi válido até o ano passado. Ao concordar com o termo, a Fórmula 1 exigiu, em troca, que a Prefeitura reformasse a área do paddock. A obra foi feita com recursos do PAC Turismo e ficou pronta em 2015. A ponte entre a cidade e a Fórmula 1 era feita por um promotor privado. Esse cargo cabia à Interpub, a responsável por se encarregar de negociar taxas de promoção, venda de ingressos, operações de camarotes e etc. Agora, o promotor do evento é a MC Brazil Motorsport Holdings, empresa controlada pela Mubadala, grupo de investimentos ligado ao governo de Abu Dhabi.   

A empresa responsável pela organização do evento, a MC Brazil Motorsport Holding Ltda, tem como diretor Alan Adler, nomeado o novo promotor da prova. Procurado pelo Estadão, Adler por enquanto não respondeu.

Em contato com a reportagem, a Prefeitura de São Paulo explicou que a Fórmula 1 é um evento com grande potencial e foi capaz de gerar em 2019 um impacto econômico deR$ 670 milhões. Em nota, a administração municipal afirma que pagará para realizar a prova um valor inferior ao que era desembolsado anteriormente.

"A Prefeitura de São Paulo informa que realizou uma contratação para a organização da Fórmula 1 na cidade por cerca de metade do custo histórico. O atual contrato prevê destinação de R$ 20 milhões por etapa (por cinco anos), enquanto anteriormente, eram gastos cerca de R$ 40 milhões, em média (por etapa)", disse. A Prefeitura explicou também que as informações mais detalhadas sobre o contrato não pode ser fornecidas por causa de cláusula de confidencialidade.