sábado, 18 de setembro de 2010

Nílson & Bird Clemente

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1973 - 500 Quilômetros de Interlagos - 9 de setembro, 27 carros de série competindo no veloz Anel Externo vitória dos Irmãos Clemente
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Podium de 1973: (esq.) Affonso Giaffone Jr, Marivaldo Fernandes, Nílson Clemente, Bird Clemente, Luizinho Pereira Bueno e Tite Catapani.
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Três horas, dezessete minutos e cinquenta segundos foi o tempo gasto pelo Maverick da Equipe Dropgal-Ford da dupla Nílson e Bird Clemente, para completar a longa viagem dos 500 Quilômetros de Interlagos. Eles não comandaram a maioria das 156 voltas, primazia que ficou para o Maverick da Equipe Hollywood, com Luizinho Pereira Bueno e Tite Catapani, mas mantiveram a média de 152,714 Km/h suficiente para na base da regularidade e com um mínino de tempo perdido nos boxes, conquistarem uma vitóra espetacular.

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Na 14º edição dos 500 Quilômetros de Interlagos, essa tradicional prova do calendário nacional, sofreu muitos problemas, principalmente de ordem política, que chegou até a afastar um patrocinador da corrida, causando inteiro prejuízo ao clube organizador. Aliás, os 500 Km há anos tem sido disputado em caráter internacional, e desta vez nem isso pôde acontecer. Embora Angelo Juliano, diretor da prova, tenha mantido contato na Europa para trazer vários Porsches, Alfas, Fiats, Ferraris ..., a situação política da CBA prejudicou a vinda de pilotos e equipes do exterior, por falta de garantias de política interna da Confederação Brasileira.
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A parte da competição em si também foi pontilhada de incidentees que tiraram um pouco do brilho de tão importante prova. No período de treinamento quebrou mais da metade dos carros inscritos e quem esperava um duelo de 70 carros, para conseguir uma vaga entre os 33 previstos pelo regulamento, ficou decepcionado. Somente 25 carros largariam no dia 9 de setembro para as 157 voltas pelo anel externo da pista de Interlagos, com 3.207 metros para cada volta.


O Maverick de Tite Catapani e o Charger de José Martins

Também houve confusão com inscrições de pilotos de outros Estados, pois, a princípio, o regulamento falava em carros da Divisão 3, mas na semana da prova foi mudado, para se aproveitar os mesmos carros da Divisão 1 que haviam corrido nas 25 Horas com inteiro sucesso. Angelo Juliano reuniu todos os pilotos, momentos antes da largada, para uma orientação quanto às ultrapassagens: "este conselho inicial é muito importante para os carros da categoria de motores até 2 litros, que sempre serão ultrapassados pelos de maiores cilindradas. O uso do espelho retrovisor é essencial para permitir as passagens com maior segurança dos carros mais potentes". Luizinho Pereira Bueno ajudou na explicação: "É bom que, sempre que for possível, a preferência para a tomada de curva seja para os carros mais fortes, pois será muito difícil segurá-lo no freio, se algo errado acontecer numa tomada de curva errada, principalmente porque são muito pesados". Luizinho ainda comentou: "Na saída dos boxes, depois de um reabastecimento, todos devem ir até a reta, por dentro, bem por dentro, nas curvas 1 e 2, pois assim quem vier vindo já faz o cálculo da tomada por fora".
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Equipe Caltabiano foi 3º com Marivaldo Fernandes e Affonso Giaffone Jr
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No pelotão de largada, os cinco primeiros eram Maverick e Chico Landi foi quem comandou o carro-madrinha, para a volta de apresentação no estilo Indianápolis. A posição de honra, supreendentemente, ficou para uma dupla desconhecida formada por Paulo Costa e Dante de Camilo , este, piloto da época dos DKW. No pelotão da frente os pilotos que largaram foram Dante de Camilo, Nílson Clemente e Luizinho Pereira Bueno.
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Rapidamente se passaram as primeiras voltas com a liderança de Luizinho, seguido de Nílson, Marivaldo, Dante, Luiz Landi, Fabio Crespi, José Martins, Pati Jr, Olivier Jones, Luigi Giobbi, Bob Sharp...Para os primeiros colocados o ritmo da prova começa por 1'14" para cada volta. Depois de 19 quilômetros de prova (6 voltas) surgem, no Retão, as primeiras ultrapassagens pelos retardatários, começando o que se chama de trânsito na pista. Com 7 minutos de corrida, a diferença de Luizinho para Nílson se fixa em 3 segundos, vantagem que iria se manter por longo tempo. No princípio dos 500 Quilômetros o melhor espetáculo proporcionado foi a disputa entre Nílson Clemente e Luiz Landi, pelo segundo lugar. Os dois correram muitas voltas lado a lado. Com apenas 13 minutos de prova, entra nos boxes o Dodge Dart de Pati Jr. (escorregou uma braçadeira e soltou-se uma mangueira de água). Todavia o maior problema desse Dodge Dart era a fraqueza dos amortecedores, que com 7 voltas perderam sua ação.
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Com 20 minutos de prova, notamos a presença no autódromo de um grupo de políticos do automobilismo paulista, tendo seu ex-presidente à frente. Reinaldo Motta trouxe consigo o pretendente ao cargo de presidente da CBA, o gaúcho José Carlos Steiner. O presidente destituído da FPA, e que naquela altura dos acontecimentos queria continuar mandando, fez questão de anunciar, pelos alto falantes do autódromo, ao público presente, a presença do presidente em exercício (para eles) da CBA. Foi mais uma tentativa de demonstração de força política, fracassada, pois não teve nenhuma repercussão; pilotos, equipes e público, todos estavam preocupados com a corrida e não com as fofocas de bastidores.
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Trinta minutos de prova: com 27 voltas, Luizinho ia mantendo a ponta, seguido de perto por Nílson Clemente. Ambos já corriam a grande distância dos demais: Luiz Landi (Maverick), Marivaldo (Maverick), Luigi Giobbi (Opala), Bob Sharp (Opala), Dante de Camilo (Maverick), José Martins (Dodge Charger), Fabio Crespi (Opala) e Aloysio Andrade (Dodge Dart).
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Grande "pega" que durou várias voltas entre Luizinho (11) e Bird (20)
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A essa altura parou nos boxes o Dodge Charger de Olivier Jones com quebra do eixo da engrenagem da distribuição. Quinze minutos depois foi o Charger de José Martins que abandonou com motor lançado. Com 52 minutos de prova, foi para o box da Dropgal o carro de Nílson Clemente. Enquanto os mecânicos medem a capacidade dos pneus para rodar mais, o tanque é reabastecido. a operação demorou 30 segundos e Nílson continuou tocando.
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Dezoito minutos depois é a vez do Maverick de Luiz Landi reabastecer. Agora já era enorme a expectativa pela parada do líder da prova no box da Hollywood. Com 1 hora e 12 minutos de competição, Luizinho pára. Os técnicos da Pirelli ordenam a troca do pneu dianteiro direito ( em provas desta natureza, sempre com curvas para a esquerda, o pneu mais exigido pela suspensão é o direito dianteiro, sendo o único a necessitar de maiores cuidados). Depois de 1 minuto e 17 segundos de boxe, Luizinho continuou. O chefe da equipe, Anísio Campos, depois que o carro voltou à pista, comentava: "Todo mundo parou, mas o único que precisou perder tempo para troca de pneu, até agora, foi o nosso carro". Todavia, o pneu substituído já estava mesmo muito gasto, oferecendo uma grande possibilidade de risco para o piloto. Na primeira parada de Bob Sharp, com 1 hora e 15 minutos de corrida, o piloto carioca já comentava com seu pessoal: " O motor desse Opala já perdeu a potência".
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Depois de duas horas de corrida, Nílson Clemente lidera a prova, com 92 voltas, seguido por Luizinho, na mesma volta; depois vinham Luiz Landi (91 voltas), Luigi Giobbi (91 voltas), Marivaldo Fernandes (91 voltas) Dante de Camilo (89 voltas) Bob Sharp (88 voltas) Aloysio Andrade Filho (86 voltas) Fabio Crespi (86 voltas) e Edgar Mello Filho (85 voltas).
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Exatamente com 2 horas e 4 minutos de prova, pára nos boxes o carro da Dropgal-Ford que liderava. A Equipe de Grecco perdeu apenas 1'20" para reabastecer até a boca, trocar Nílson pelo irmão Bird e colocar novo pneu direito dianteiro. Quando Bird entrou na pista, uma coincidência fez com que o Maverick de Luizinho estivesse passando pela Curva 1. Assim os dois começaram a correr emparelhados e o espetáculo ganhou ritmo espetacular, fazendo com que o público de Interlagos revivesse uma gloriosa fase desses dois pilotos há 10 anos mais ou menos, no tempo da Willys.
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A torcida ficou de pé para prestigiar o único bom duelo depois de 327 quilômetros de corrida, com uma intensa vibração pelos dois grandes pilotos, correndo lado a lado por todo o circuito. Todavia, o carro de Bird não deveria parar mais até o final da prova, enquanto que o da Equipe Hollywood ainda iria necessitar de uma parada em busca de mais gasolina. Com 2 horas e 27 minutos de prova, o Maverick de Luizinho pára e troca o pneu dianteiro e traseiro do lado direito, coloca mais gasosa e Tite Catapani começa sua corrida depois de uma parada de 1'38"s.
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Pela ordem: Bird, Pati Jr ,Aloysio Andrade Filho e Luizinho

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A essa altura, Bird Clemente passa a comandar os 500 Quilômetros, já com 120 voltas completadas. Atrás dele vem Antonio Castro Prado (em dupla com Luiz Landi), Tite Catapani, Affonso Giaffone (em dupla com Marivaldo Fernandes), Fernando Vasconcellos (em dupla com Luigi Giobbi), José Carlos da Silva (companheiro de Bob Sharp).
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A diferença de Bird para Tite era de 37 segundos, mas uma rodada do piloto de Limeira, na Curva 3, fez essa diferença subir para 1'2"s. Daí para a frente a diferença começou a aumentar a cada volta e a equipe de Grecco ficava cada vez mais confiante na vitória. O único medo era acabar a gasolina nas últimas voltas. Como isso não aconteceu, os irmãos Clemente bisaram a vitória das 25 Horas e deram à Ford uma consagradora imagem para o Maverick, vencendo em poucos dias uma dura prova de resistência e uma outra de velocidade pura. A melhor volta ficou com Luis Pereira Bueno que virou em 1'13"s à média de 157,721 Km/h. Os terceiro e quarto lugares também ficaram com carros Maverick, ambos com uma volta a menos que o vencedor, Marivaldo/Giaffone e Landi/Castro Prado respectivamente.
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No final da prova, o resultado oficial ficou prejudicado pelo elevado número de protestos. O preparador Chico Landi já havia depositado, de véspera, a importancia necessária para a abertura de motores dos quatro primeiros colocados, exceção é lógico, feita para o carro do seu filho, que foi quarto colocado. Uma inocência do velho Chico, pois duvidamos que equipes como a Dropgal-Ford e Hollywood, que disputaram a vitória de ponta a ponta, tivessem coragem de participar com carros fora do regulamento. Todavia, a direção de prova viu-se obrigada a desclassificar, o Opala da Equipe Itacolomy de Luigi Giobbi/Fernando Vasconcellos, que se classificou em 5º lugar, e os VW de José Luis Nogueira/Paulo Volpi (17º lugar) e Saul Camargo/Dario Paolozzi (18º lugar), que não permitiram a vistoria técnica, depois da prova nos seus veículos.
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Na classe de carros com motores até 2000cc de cilindrada, a vitória ficou para outro carro da Ford, o Corcel de F. Gondin/Paulo Caetano que chegaram em 11º na geral com 133 voltas completadas.
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O Maverick 4º colocado da dupla Luis Landi/Castro Prado

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Também Marivaldo Fernandes tinha suas dúvidas sobre sua colocação e pediu uma revisão no mapa da prova. Ele achava que tinha se classificado em 2º lugar e não em 3º. Aliás, um erro de informação no final da corrida levou a dupla Luis Landi/Antonio Castro Prado a subir no podium como se tivessem obtido o terceiro lugar. Depois dos cumprimentos, entrega dos canecos e fotos, eles desceram e deram lugar a Marivaldo Fernandes/Affonso Giaffone Jr que de fato chegaram nessa posição.
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No fim todas as reclamações não deram em nada. Os carros vistoriados estavam dentro do regulamento e tiveram suas colocações confirmadas. Certo estava o chefe da Equipe Dropgal-Ford, Luiz Antonio Grecco : "O meu carro não andava mais que qualquer um que correu. A verdade é que esse tipo de corrida se vence nos boxes, com um mínimo de tempo perdido em cada parada". Falou e disse...
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Resultados 500 Km de 1973
  1. Nilson/Bird Clemente - Maverick

  2. Luis Pereira Bueno/Tite Catapani - Maverick

  3. Marivaldo Fernandes/Affonso Giaffone - Maverick

  4. Luis Landi/Castro Prado - Maverick

  5. Bob Sharp/José Silva - Opala

  6. Aurelino Rosa/Fabio Crespi - Opala

  7. Aloysio Andrade/Laercio dos Santos - Dodge Dart

  8. Edgar Mello F./Jorge Argentino - FNM-JK

  9. Marinho Amaral/ Chuck - Opala

  10. Paty Jr/ Adolfo Nardy - Dodge Dart

  11. F. Gondin/Paulo Caetano - Corcel

  12. Luiz Evandro/Stanley Ostrower - Chevette

  13. Claudio Cavallini/Carlos Mansur - VW TL

  14. Elvio Divani/Pedro Wenk - VW Brasilia

  15. Euclides Mussi/Anuar Abib - Corcel

  16. Jose Pangela/Claudio Dudus - VW

  17. Waldemir Silva/Walter Passarela - VW

  18. Paulo Costa/Dante de Camilo - Maverick

  19. Giancarlo Baldrati/Agostinho Ferrarese - Corcel

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