segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Situação difícil



Ao ser entrevistado por Janos Lengyel, da TV Globo, durante o Grande Prêmio da Alemanha, Emerson Fittipaldi foi taxativo: "Realmente estamos numa situação financeira difícil, mas não só vamos participar deste campeonato até o final como estaremos, também, nos campeonatos dos próximos dez anos. Nem que tenhamos que colocar mais dinheiro do nosso bolso".

Incrível. Duas semanas depois, no GP da Áustria, os Fittipaldi F8 de Chico Serra e Keke Rosberg não estavam entre os inscritos. Teria Emerson mentido para milhões de pessoas ou a crise existente dentro da equipe atingira proporções insustentáveis?

A resposta veio pela boca de Wilsinho Fittipaldi: a equipe não participou do GP da Áustria porque só tinha três dos seus dezoito motores em boas condições, por ter enfrentado problemas com as revisões durante as férias européias de julho/agosto. Aparentemente, só a equipe Fittipaldi teve dificuldades, pois nenhuma levantou essa justificativa.

Na verdade, a ausência do F8 foi provocada pela falta de patrocínio. Emerson e Wilsinho esperavam que alguém se decidisse a patrociná-los a partir do GP da Alemanha, o que não aconteceu e sepultou as pretensões da equipe para este ano.

Quando Emerson parou de correr, a SKOL rescindiu o seu contrato com a equipe pagando uma multa que ajudou os Fittipaldi a fazer novos investimentos. Enquanto isto, o ex campeão mundial procurava patrocinadores na Europa, e a AVIA uma empresa petrolífera alemã, chegou a assumir o compromisso, principalmente depois que Emerson foi o seu intermediário numa compra de petróleo árabe.

Durante os Grandes Prêmios da fase européia, dos quais a equipe participou com pequenas verbas da PIONEER e da ACHILLI MOTORS, os irmãos Fittipaldi anunciaram aquele possível patrocínio, que não veio.

É muito triste ver a equipe Fittipaldi definhar na Fórmula 1. Muitos já a comparam à equipe Surtees, também formada por um ex-campeão mundial, que nunca conseguiu se firmar apesar dos seus bons pilotos, como José Carlos Pace e Mike Hailwood.

Mas no automobilismo vale o dinheiro. Vale o exemplo da Williams, uma equipe de segunda categoria que conseguiu o título mundial de pilotos e de marcas no ano passado depois de receber muito dinheiro de empresas árabes.

É como dizia Luiz Antonio Greco, ex chefe de competições da Ford: "Para correr é preciso muito dinheiro. Quem não tiver e quiser disputar provas, deve se inscrever na São Silvestre".

Ter uma equipe de Fórmula 1, sempre foi o sonho dos Fittipaldi, que chegou em 1975. Desde então eles preseguem uma vitória capaz de coloca-los entre os melhores do mundo, como a Lotus, Ferrari, etc. É claro que eles devem ser otimistas, mas também é preciso ter os pés no chão e não teimar em manter esquemas caros sem patrocinador para investir.

Para piorar a situação, Chico Serra vem reclamando da falta de treinos, muito importantes para ele, um piloto que estréia na Fórmula 1 e que precisa adquirir experiência. Só que quando Serra foi contratado, tinha o compromisso de levar para a equipe um patrocinador, o Café do Brasil, e este dinheiro nunca chegou. Apesar dos desmentidos, dificilmente Chico Serra continuará com os Fittipaldi no ano que vem.