terça-feira, 3 de janeiro de 2012

STOCK-CARS EM PORTUGAL



Torneio Grão Pará: Segunda Etapa

Ingo Hoffmann, Paulão e Edmar Ferreira

Duas pole-position e duas vitórias. Paulão encantou os portugueses, guiou no Estoril como guia em qualquer lugar e deixou a certeza de que, este ano, sua estrela voltou a brilhar como nos velhos tempos.

No final, foi um balanço positivo. Apesar da ausência de peças de reposição que conseguissem colocar todos os carros participantes em seus melhores indices de competividade, os 18 carros que largaram para a segunda etapa do Troféu Grão-Pará Hotel Group alguns, visivelmente remendados, largando para fazer número e prontos para retornar aos boxes a qualquer momento, conseguiram apresentar um bom espetáculo. Digno do investimento e, também, à altura das expectativas do aficionado português que, em Vila Real ou Vila do Conde, só consegue assistir a grids de largada com mais de 10 segundos separando a pole-position do quinto ou sexto mais rápido.

E, se a imprensa portuguesa não demonstrou complacência com as duas etapas do evento, pelo menos os promotores, Reinaldo Campello e Pedro Queiroz Pereira, pareciam viver em perene estado de graça.

Para Reinaldo Campello, este foi só o primeiro passo: " Acho que esta promoção vai valorizar a categoria até mesmo no Brasil. No ano que vem, vamos realizar um torneio de Verão com provas no Estoril, Paul Ricard e Jarama, e Portugal e Espanha estão praticamente certos. Em termos de Portugal, vamos usar de outro artifício para motivar ainda mais o público. Este ano o torneio custou 35 milhões e até agora não sei se estamos com lucro ou prejuízo. No ano que vem não vamos correr riscos. Vamos trazer a Rita Lee, por exemplo, para cantar antes ou depois da corrida. Português adora a Rita Lee e quem gasta 35 pode gastar 40, não é ?. A Stock-Cars tem que se transformar de qualquer maneira em um grande circo, um grande espetáculo, com uma mentalidade igual à que o Bernie Ecclestone implantou na Fórmula 1".

Edmar Ferreira (13) e Fábio Sotto Mayor (12)


Campello não estava brincando. No sábado, depois dos treinos, promoveu uma passeata a Cascais com pelo menos 15 carros roncando alto, cercados de batedores em motocicletas e veículos da própria organização da prova.

Uma maneira a mais de motivar o pessoal da praia para o espetáculo barulhento e repleto de cores.

É claro que quase três semanas de contínua convivência, piscina e bons vinhos transformaram cada integrante do grupo em um cômico em potencial. E o tão sonhado circo de Campello foi logo batizado de Vostock-Cars.

Mas, deu resultado. No domingo, pelo menos surgiu o dobro da lotação anterior, que havia rendido, limpo, minguados três mil dólares na primeira etapa.

Reunido em torno de uma preliminar de F-Fiesta da Espanha e uma prova de bicicletas para quem quisesse participar, vencida por Wagner, mecânico de Cairo Fontes. O clima era de tanta festa que até Valcir Spinelli, o "Magra", dono da equipe de Alencar Júnior e incontestável versão emagrecida do "Chacrinha", recebeu o troféu, pela última colocação conseguida depois de por duas vezes ter cortado caminho e retornado ao pelotão intermediário.

Na premiação não perdoou. Entregou aos dirigentes portugueses um "cigarro que explodia" e um "chiclete de pimenta". No caso, um digestivo para a explosão...

De corrida mesmo, nada de surpreendente. Paulão repetiu a dose e fez a pole position, ganhando com tranquilidade depois que Campello, que pintou como vencendor no meio da prova, teve que abandonar com o motor fundido.

Mas foi o mesmo Campello quem tratou de dar ao espetáculo, já no final, seu indefectível toque brasileiro:       ..." Não me chamo Reinaldo Campello se não protestar o Paulão em todas as provas do nosso campeonato. Ele está descaradamente fora do regulamento e só não protesto logo aqui porque o ambiente é de festa".

Não protestou mas exigiu que o regulamento fosse seguido à risca e, entre os cinco primeiros, dois foram sorteados para uma vistoria completa. Paulão e Edmar Ferreira foram os premiados, para alívio de Campello e do quinto ao décimo o agraciado foi Cairo Fontes.

Bruno Brunetti teve sua férias poupadas depois que se decidiu que os carros seriam lacrados e a vistoria feita no Brasil.


Obra de mestre. Ingo Hoffmann foi terceiro


Muita gente aproveitou o intervalo para um veraneio pela Europa mas outros, como Edmar Ferreira, preferiram ficar em Portugal, "fuçando" seus carros onde podiam, com a assistência do representante KONI em Portugal.

Por sinal, este representante deve ter sido "uma mãe". Até mesmo Paulão fazia questão de exibir seus adesivos da marca e afirmar que usava os KONI, apesar de correr e treinar com seus confiáveis BILSTEIN.

Depois das capotagens de Márcio Canovas e Sidnei Franchello na primeira etapa, foi a vez de Lara Campos, nos treinos para a segunda etapa. Felizmente seu carro foi recuperado a tempo de participar, enquanto Canovas corria com o terceiro carro, alugado à equipe de Paulão, e Franchello, com o Opala com que Mário Silva negara-se a correr.

O carro de Canovas provocava surpresas. Com o câmbio fixado com Durepox, molas de Chevette, sem parafusos de pinça de freios e outros "maquiavélicos gatilhos", ele acabou transformando o piloto da primeira etapa, o português Pedro Villar, em autêntico herói. Para "Magra", que deu manutenção a Canovas, o "portuguesinho vale ouro, coitado. Correu, andou muito bem e, ... saiu vivo. Este carro é um lixo, uma vergonha".

Outro que se beneficiou do auxílio da KONI portuguesa foi Alencar Júnior, segundo mais rápido: " Nunca tive um planejamento tão técnico para acertar meu carro. Troquei o motor e eles fizeram gráficos e testes de dureza e ação na minha suspensão e acho que isso vai me ajudar muito no Brasil. Vai ficar mais fácil definir qual a melhor mola ou amortecedor".

Depois de uma falha da cronometragem que o colocara na pole-position, Fábio Sotto Mayor, (de namorada nova, conquistada em Portugal, apesar de brasileira) acabava em terceiro, com Wilsinho Fittipaldi em quarto, " só agora começo a tirar as teias de aranha do meu macacão", Campello e Joaquim Moutinho.

Este, provavelmente, foi junto com Manuel Fernandez os dois melhores portugueses que correram como convidados. Os dois, por sinal, utilizaram o Opala da dupla Caíto/ Serginho que, apesar de não ter um piloto fixo, demonstrou que com um pouco de investimento pode produzir um equipamento de ponta.


Paulo "Paulão" Gomes


No domingo, o público, depois das bicicletas e da F-Fiesta, teve que redobrar suas cargas de paciência para aguardar, finalmente, a largada do último espetáculo da Stock-Cars.

Em um circuito rápido e de poucas curvas, uma prova se decide mesmo é no final da reta, no único verdadeiro ponto de ultrapassagem.

E foi lá que ficamos, no meio da Curva Um, a menos de um metro do ponto de tangência. E foi lá que assistimos grandes espetáculos. Logo na largada três carros, lado a lado, Paulão, Alencar Jr e Fábio Sotto Mayor. Se Alencar Jr não tira o pé, provavelmente nenhum dos três, e mais alguns, completaria a primeira volta.

Depois, a tranquilidade de Paulão, mesmo acossado por Campello, a excelente disputa entre Fábio Sotto Mayor e Edmar "Big Ed" Ferreira, ambos em grande forma, o bom desempenho do português Moutinho, técnico mas pouco arrojado pela falta de costume com o carro, e a milimétrica precisão da tocada de Ingo Hoffmann.

Ficou claro também o equilíbrio mecânico entre os equipamentos de Paulão e Campello que fez com que a prova só se decidisse, primeiro, com uma ultrapassagem de Paulão pelo traçado externo e, depois, com a quebra de Reinaldo Campello. Caso contrário, ia ser sauceiro até a bandeirada final.


Torneio Grão-Pará: Segunda Etapa

  1. Paulo Gomes
  2. Edmar Ferreira
  3. Ingo Hoffmann
  4. Fábio Sotto Mayor
  5. Luís Lara Campos
  6. Cairo Fontes
  7. Joaquim Moutinho
  8. Manoel Breyner
  9. Reinaldo Campello
  10. Denísio Casarini
Média Horária da prova: 148, 870 Km/h