Com muita festa, sol e boas brigas, aconteceu em Interlagos, São Paulo, no Autódromo José Carlos Pace, a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Uno.
Quase 20 mil pessoas deixaram de lado as corridas de Fórmula 1 (no Canadá) e Fórmula Indy (em Detroit), além do jogo Brasil X Inglaterra, na televisão, para acompanhar, no domingo, 11 de junho, a vitória de Xandy Negrão na categoria de motores Turbo e Paulo Braga na de motores Aspirados.
Além de belas disputas, o público vibrou com velocidades que, na reta dos boxes, atingiram 194 Km/h, na Turbo, e 178 Km/h, na Aspirados.
Com o resultado, Xandy Negrão assumiu a liderança do campeonato de Turbos. " Finalmente conseguimos acertar a suspensão e evitar o desgaste de pneus que fazia o carro perder rendimento nas últimas provas", explicou Xandy, que completou a prova em 30m40s684, com a média de 126,882 Km/h.
Na Aspirados, a prova de Interlagos provocou uma reviravolta na classificação. José Mario Castilho, que liderava o campeonato, não pontuou e José Massa Neto, 4º lugar, assumiu a liderança.
Xandy Negrão
Na Turbo, Xandy conquistou a primeira colocação, que ele já perseguia desde a primeira prova, em Brasília, em que conquistou a pole position. Naquela prova, ele perdeu a liderança por problemas na suspensão, mas conseguiu um 4º lugar, resultado que se repetiu na segunda etapa, em Londrina.
Em Interlagos, largou em segundo, atrás do carioca Nélson Silva Júnior (a diferença entre os dois, no treino classificatório, foi de 86 milésimos de segundo).
Na prova, Nelson só conseguiu manter o primeiro lugar até a reta oposta. "Mas meu pneu estava muito frio, a pista estava muito ruim e ao fazer a curva fui parar na grama", conta Nélson. Ele corria com o carro novo: o antigo tinha sido destruído em Londrina, na capotagem e na colisão com o carro de Leonel Friedrich; outro que estreou carro novo em Interlagos.
Com a escapada na curva, Nelson caiu para terceiro, atrás de Xandy e Chico Serra, mas logo em seguida conseguiu passar Chico e assumiu o segundo lugar.
O mau estado da pista de Interlagos foi motivo de reclamações de todos os pilotos: "Além da sujeira provocada por detritos de asfalto, em muitas saídas de curvas existem as chamadas costelas de vaca, saliências que fazem o carro decolar", comentou Nonô Figueiredo, que dividia com Walter Travaglini a primeira colocação do campeonato antes da prova de Interlagos.
Em São Paulo, Nonô ficou em sétimo lugar depois de muita disputa com Adalberto Jardim, que segurou a sexta colocação. E Travaglini chegou atrás de Nonô, em oitavo.
O experiente Chico Serra, terceiro até a metade da prova, perdeu a posição devido a um pneu furado. Outro piloto com grande currículo no automobilismo brasileiro e mundial, Ingo Hoffmann, segundo colocado na etapa de Londrina, não disputou a prova de São Paulo: naquele mesmo domingo estava correndo na categoria Turismo, na Europa.
O campeão da Turbo de 94, Paulo Gomes, largou em quinto, conseguiu passar seu colega de equipe Guto Negrão (irmão de Xandy), mas no final da prova, por problemas com o rolamento da roda, diminuiu a velocidade e voltou ao quinto lugar. "Começou a fazer um barulho forte e pensei que ia parar", comentou o atual campeão.
A prova de Interlagos contou, na categoria Turbo, com mais três experientes pilotos do automobilismo brasileiro: Fausto Bessa, que deixou a categoria Aspirados, Ciro Aliperti Júnior e Renato Russo.
Bessa transferiu-se para a Turbo por sentir-se cansado das constantes batidas que marcam a Aspirados. "Na Turbo correm os pilotos mais técnicos e os carros com pneu slick, próprios para corrida, não escorregam tanto", explica Fausto Bessa.
Entre os motores aspirados prevaleceu a habilidade dos pilotos mineiros Paulo Braga, de Uberlândia, e Claudio Gontijo, de Belo Horizonte.
Eles conquistaram as duas primeiras posições da categoria, formando a "dobradinha do pão-de-queijo". O paulista Fernando Angelieri completou o pódio, chegando na terceira colocação. "No ano passado, minha equipe era precária. Agora, estamos recebendo mais apoio, e os resultados estão aparecendo", afirmou Braga, que havia sido terceiro em Londrina.
Em Interlagos, Braga completou as treze voltas em 28m51s305, com uma média horária de 116,912 km/h.
Para Gontijo, a dobradinha mineira é importante para elevar o moral do esporte no Estado. "Após os bons resultados de Cristiano da Matta, na Fórmula 3, Minas teve um hiato de bons pilotos. Esperamos que agora as coisas mudem". Para completar o time de mineiros, Marcio Lott cruzou a reta de chegada em sexto lugar.
Público vibra com o arrojo dos 75 pilotos
Antes da prova, era grande a expectativa pelo que iria ocorrer logo na primeira curva. Afinal, nada menos que 46 carros estavam perfilados no grid de largada e logo à frente fariam uma forte guinada à esquerda no S do Senna.
Posicionado na 22ª posição, no meio do grid, Mário Covas Neto, o Zuza, filho do governador paulista Mario Covas, confessava não saber o que fazer para evitar uma colisão. "A gente vai tentando desviar das batidas, mas há sempre o risco de ser tocado por alguém". O piloto contou, em Interlagos, com a torcida de seu pai, que assistiu a prova ao lado da esposa Lila. "Sempre que posso, acompanho as corridas do Zuza", afirmou o governador.
Logo no começo da corrida pequenas batidas aconteceram, mas apenas Otávio Mesquita bateu forte no muro no final da reta e rodou no S do Senna, abandonando a prova.
Paulo Braga
Largando na Pole, Braga só foi ameaçado na terceira volta. Ele e Gontijo entraram na reta dos boxes lado a lado.
Gontijo atrasou a freada e ultrapassou Braga, mas este retomou a posição no final da reta oposta. "Foi melhor tirar o pé na freada. Não valia a pena brigar com o Paulo e correr o risco de ser alcançado por quem vinha atrás", explicou Gontijo.
Atrás dos dois líderes, a briga esquentava. Jose Ricardo Fiaminghi largou em terceiro e travou uma disputa acirrada com Bruno Henriques, outro piloto mineiro.
Na oitava volta, os dois se chocaram e Henriques levou a pior, abandonando a prova. Na volta seguinte, Ricardo Rodrigues, protagonizou o mais espetacular acidente da corrida, capotando na saída da curva do Laranjinha. O piloto, que ocupava a 30ª posição naquele momento, disse ter sido tocado na lateral. Perdeu o controle do carro e acabou com as quatro rodas para cima, mas sofreu apenas uma leve contusão no braço direito.
Largando na 13ª posição, Jose Massa Neto (tio do piloto da Ferrari Felipe Massa) fez uma corrida de recuperação e ultrapassou Fiaminghi na última volta, para chegar em quarto lugar.
José Mário Castilho, que liderava o campeonato nas duas primeiras provas, chegou em 14º. "Não fui feliz no sorteio dos motores", admitiu.
Ele caiu para o segundo lugar na classificação da categoria com 35 pontos, três atrás do líder José Massa. Braga o vencedor do dia, pulou para a terceira colocação, alcançando 32 pontos. Tino Vianna, oitavo lugar em Interlagos, segue em quarto com 24 pontos.
Na prova de São Paulo largaram 29 Unos Turbos e para a seguinte, em Tarumã, no Rio Grande do Sul, a previsão é que largariam 34 carros. Na Aspirados, o número de competidores dessa quarta prova poderia chegar a 51.
O líder do campeonato da categoria Turbo, Xandy Negrão, previa grande desgaste de pneus em Tarumã, uma pista em que se desenvolvem as maiores velocidades do campeonato. "É uma pista rápida e o consumo de pneus, ali, é fabuloso".
3ª Etapa - Interlagos
- Xandy Negrão
- Nelson Silva junior
- Guto Negrão
- Paulo Gomes
- Paulo Carcasi
- Adalberto Jardim
- Nonô Figueiredo
- Walter Travaglini
- Leonel Friedrich
- Egidio "Chichola" Micci
- Paulo Braga
- Claudio Gontijo
- Fernando Angelieri
- José Massa
- José Ricardo Flaminghi
- Marcio Lott