Tanques de combustíveis pressurizados
A PRDA - Associação dos Pilotos Profissionais de Corridas - já se manifestou contrária, em função, basicamente, da segurança. Entretanto, não há como negar, o reabastecimento e troca de pneus durante a realização de um Grande Prêmio, pode ser, em alguns casos, um handcap inigualável.
Resultado de muitos cálculos e testes efetuados pela dupla Nélson Piquet/Gordon Murray, esta nova estratégia, caso não seja banida já na próxima temporada, poderá revolucionar os conceitos da categoria na mesma medida dos aerofólios, minissaias e efeito-solo.
Tudo porque, com pneus de composto de borracha mais macio, conhecidos como "de classificação" e com somente metade de capacidade total do tanque de combustível, um carro, qualquer um, pode ser em média de 3 a 4 segundos mais rápido na grande maioria dos circuitos.
E, para que se chegue a esta conclusão, bastar checar o tempo obtido por um pole-position e a melhor volta da mesma prova.
O aparato montado pela Brabham
No Grande Prêmio da Inglaterra, este ano, a Brabham tentaria utilizar pela primeira vez este recurso que, diga-se de passagem, não tem qualquer impedimento na atual regulamentação.
Mesmo assim, as "artimanhas" de Bernie Ecclestone conseguiram modificar o único item que poderia invalidar esta manobra.
Anteriormente, o piloto só poderia sair dos boxes e retornar à pista depois de devidamente autorizado por um comissário que, em posição privilegiada, acionava a luz verde, demonstrando que nenhum carro se aproximava e, portanto, não havia qualquer risco.
A partir do Grande Prêmio da França, cada piloto sai do boxe por sua própria conta e risco, independente da sinalização. Este é, sem dúvida, um aspecto tão negativo quando inseguro.
Até o Grande Prêmio da Áustria, ninguém havia assistido a uma manobra de reabastecimento e troca de pneus porque, em todas as etapas anteriores, Nelson Piquet e Riccardo Patrese haviam quebrado ou se acidentado antes do momento previamente estipulado para a troca.
Mas, em Osterreichring, deu tudo certo e, debaixo de muitos aplausos, Patrese completou com sucesso a operação.
E, mais importante, em tempo inferior a 14 segundos, uma marca sensacional.
Mas como funcionou realmente esta nova tática?
Nelson Piquet entrou nos boxes com somente 17 voltas, prematuramente, já com problemas de pneus. Por isso mesmo, ainda despreparada, a equipe levou quase 30 segundos para efetuar a operação completa.
Riccardo Patrese, em contrapartida, liderou a prova desde a segunda volta, parou nos boxes na 24ª volta e ainda retornou na liderança. Depois, motor travado, acidente e abandono.
No solo marcado o local exato da parada
Nos boxes, quatro marcas no asfalto registram o local exato onde o carro deve parar.
No instante em que o carro estaciona totalmente, com o motor em funcionamento, o próprio piloto aciona um macaco hidráulico idêntico ao que a Porsche já utiliza em Le Mans e as quatro rodas são erguidas do solo.
Imediatamente, dois mecânicos trocam cada jogo de rodas e pneus, oito ao todo e mais três, encaixam a mangueira de reabastecimento direto no bocal do tanque de combustível. Esta mangueira é ligada diretamente a um reservatório pressurizado com 110 litros de combustível que, através de fortíssima sucção, transfere o conteúdo de um reservatório ao outro em menos de 10 segundos.
Pelo que se viu na Áustria, podem existir somente dois riscos reais. O motor ligado e a saída dos boxes.
O primeiro porque sempre existe a chance de um resíduo de liquido e uma fagullha. O segundo pela incapacidade do piloto em avaliar a aproximação de outro carro.
De resto, todos os mecânicos usam macacão antifogo, exatamente nos moldes das provas de Indianápolis onde, neste tipo de operação, dificilmente acontece um imprevisto.