Os primos Toninho e Ivaldo da Matta
Com muita tranqüilidade e eficiência, os mineiros Antônio e Ivaldo da Matta deram à equipe Motorauto a terceira vitória consecutiva em seus seis meses de existência.
Nesse triunfo, conseguido na prova Marcelo Campos, realizada na pista do Mineirão, os primos Toninho e Ivaldo conduziram durante quatro horas e dezoito minutos o muito bem preparado Opala da Motorauto.
Dessa vez os mineiros tiveram oportunidade de medir fôrças com as equipes de São Paulo e Rio: a competição era aberta a todos os pilotos brasileiros, desde que usassem carros de fabricação nacional.
Entretanto, poucas equipes de outros Estados compareceram ao Mineirão, apesar do valor razoável dos prêmios em dinheiro.
De São Paulo vieram apenas três carros: o protótipo Volkswagen (motor 1600cc entre eixos) de Wilson Fittipaldi Jr. e Pedro Victor de Lamare, defendendo a equipe Fittipaldi-Bardahl; o Puma 1600 de Angi Munhoz e Claudio Daniel Rodrigues, representando semi-oficialmente a Puma; e o Volks 1800 de Silvio T. Pizza e Nathaniel Towsend. Luis Pereira Bueno e Fernando "Feiticeiro", com Bino 1500, José Moraes Neto e Luis Carlos Moraes, com o protótipo Alfazoni, João Ricardo Stheling e Roberto Batista Volks 1300 eram os únicos representantes da Guanabara.
Em maior número vieram os brasilienses, como sempre os mais dispostos a participar de qualquer corrida no Brasil. Entre êles, o Lorena 1600 de Olavo Piers e George Pappas, o Volkswagen 1600 de João Carlos Brás e André Gustavo, o protótipo Volks 1800 de Raimundo Von Negri e Waldir Lomazzi e o protótipo 1800 de João Luis da Fonseca e José Alvaro Vasurco (Camber) eram os melhores carros.
O Corcel de Emerson Fittipaldi
Contra os pilotos de fora, a torcida mineira contava com três ótimas equipes: a Motorauto, a Cisa e a Carbel, que não pôde participar devido ao acidente no sábado, quando morreu Marcelo Campos, seu pilôto oficial.
Havia ainda a equipe MGV, que inscreveu um GTX de fibra de vidro pilotado por Kid Cabeleira e pelo paulista Francisco Lameirão, contratado especialmente para essa prova, além de um grande número de Volkswagens.
Em Belo Horizonte, os tempos decisivos para a formação do pelotão de largada foram tomados durante os treinos realizados na tarde de sábado, sistema que, felizmente, está sendo adotado pela maioria dos organizadores.
O melhor tempo da tarde foi conseguido por Wilson Fittipaldi Jr, que marcou 1m25,6s. O protótipo do Team Fittipaldi-Bardahl em Belo Horizonte estava equipado com um motor Volkswagen 1600, dois carburadores Weber 48 e pneus Firestone Indy, montados em rodas de magnésio de 8 polegadas na frente e 10 atrás.
Seu co-pilôto Pedro Victor de Lamare, marcou 1m29s. O segundo tempo ficou com Toninho da Matta 1,26m6s pilotando o Opala com o qual já havia vencido as 100 milhas de Belo Horizonte e os 200 Quilômetros de Brasília, e 1969. A única modificação realizada no carro foi a colocação de pistões maiores, o que aumentou sua cilindrada para 4100cc.
Depois de Toninho ter assegurado sua colocação na primeira fila de largada, subiu no carro Ivaldo da Matta que marcou 1m30,5s.
Emerson Fittipaldi, contratado da Ford do Brasil para pilotar o Corcel da Equipe Cisa, ficou com o terceiro tempo, 136,2s.
Surpreendendo a todos os presentes, o pilôto de Brasília Carlos Alberto Brás (Carlão), com o Volkswagen 1600 da equipe Disbrave, marcou 1m37,2s, garantindo uma boa posição no pelotão de largada, na frente de vários protótipos e carros de maior potência.
Francisco Lameirão, empregando tôda a sua técnica, não conseguiu tempo melhor do que 1m40,5s com o GTX de fibra da MGV.
Os demais concorrentes marcaram tempos acima da faixa de 1m42s, já deixando prever que a disputa pela liderança da prova seria entre o protótipo de Fittipaldi-De Lamare e o Opala dos primos Toninho e Ivaldo da Matta.
O único carro que poderia ameaçar a posição dos dois, o Bino de Luizinho Pereira Bueno e Fernando Feiticeiro, não pôde participar das eliminatórias em conseqüência de quebra da junta do cabeçote.
As 11 horas da manhã de domingo, depois de 1 minuto de silêncio em homenaem a Marcelo Campos, foi dado o sinal de partida para os carros alinhados em frente dos portões do Mineirão.
Aproveitando-se muito bem da grande potência do Opala, Toninho da Matta tomou a ponta seguido por Wilson Fittipaldi, Protótipo 1600, Emerson Fittipaldi, Corcel, Luis Pereira Bueno, Bino, Carlão, Volks 1600, Negri ,Volks 1800, Luis Estevão, Volks 1600, Paulo Lopes, Interlagos-Corcel e Angi Munhoz com Puma 1600.
Ao final da primeira volta, Toninho continuava na frente, já com dois segundos de vantagem sôbre Wilsinho, que se mantinha quatro segundos à frente do Bino de Luis Pereira Bueno. Mais atrás, Emerson Fittipaldi liderava o segundo pelotão composto dos Volks de Carlão e Negri, do Interlagos de Paulo Lopes, do Puma de Angi, e do GTX de Lameirão.
Terminada a décima volta, o líder era ainda Toninho, agora com sete segundos de vantagem sôbre Wilson. Em terceiro lugar vinha Luizinho, atrasado 25 segundo em relação ao Protótipo Fittipaldi, mas bem a frente do Puma de Angi, que com a desistência de Emerson na quinta volta, passara para o quarto lugar.
Um pouco mais atrás, Carlão, Negri e Lameirão disputavam àrduamente o quinto lugar.
Nas dez voltas seguintes, a situação permaneceu inalterada, com o Opala na liderança, perseguido de perto pelo Protótipo de Wilson.
Bino 1500
Ao completar-se a vigésima volta, Wilson foi obrigado a encostar nos boxes para a troca de um bracinho de direção, perdendo quinze minutos e o segundo lugar.
Sem a ameaça de Wilson, Toninho pôde diminuir seu ritmo de corrida, aumentando suas chances de vitória. Com a parada do Protótipo Volks, Luizinho passou para o segundo lugar, sempre seguido pelo Puma de Angi Munhoz e o GTX de Lamerão.
Enquanto isso, Wilson voltava à pista, esforçando-se para descontar o tempo perdido, mas doze voltas depois era obrigado a parar novamente no boxe, para troca de um tambor de freio traseiro que lhe custou mais catorze minutos.
Quinze voltas depois de ter retornado a pista, Wilson Fittipaldi desistia definitivamente de continuar a corrida, por causa da quebra do motor.
Enquanto isso, o Opala da Motorauto continuava em sua marcha tranqüila para a vitória, seguido agora pelo Puma de Angi, com mais de uma volta de atraso. Daí para frente, a corrida perdeu o interêsse, por ser evidente que nenhum outro carro poderia ameaçar o Opala, que, apesar de duas paradas no boxe para verificação do freio, cruzou a linha de chegada duas voltas à frente do Puma de Angi e Claudio Daniel Rodrigues.
Uma bela recompensa para a dupla mineira e sua equipe, que demonstraram durante tôda a prova um alto nível técnico.
Muito boa também a atuação dos pilotos Angi Munhoz e Claudio Daniel, que, graças à regularidade com que se comportaram, conseguiram levar o Puma ao segundo lugar.
- Antônio e Ivaldo da Matta / Opala
- Angi Munhoz e Claudio Daniel / Puma 1600
- Luis Pereira Bueno e Fernando Feiticeiro / Bino 1500
- Ronaldo Taylor e Libero Cunha / Volks 1600
- Olavo Pires e George Pappas / Lorena 1600
- Clovis Ferreira e G. Cardoso / Volks 1600
- João Stheling e Roberto Batista / Volks 1300
- Carlão e André Gustavo / Volks 1600
- José Moraes e Luis Carlos / Alfazoni
- Paulo Lopes e José Mendes / Interlagos-Corcel