sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Equilíbrio Entre as Marcas


Em sua estréia pela Honda, "Moronguinho" fez a festa

Quando em 1970, o engenheiro belga Lucien Tilkens criou a suspensão MONOSHOCK, um amortecedor longitudinal ao invés do tradicional sistema duplo vertical na traseira, jamais imaginou que estaria provocando uma verdadeira revolução em termos de engenharia motociclística.

Na mesma época, a YAMAHA do Japão comprou a patente, aplicando o invento inicialmente nas motos de motocross, mais tarde nas de Velocidade e, algum tempo depois, até mesmo nos modelos para a rua. E foi um sucesso.

Mais de dez temporadas se passaram até que as demais fábricas desenvolvessem sistemas semelhantes que conseguissem equilibrar o panorama das competições internacionais.

No ano passado, a HONDA surpreendeu com sua suspensão PRO-LINK vencendo em várias categorias e desbancando campeões até então considerados imbatíveis.

Felizmente, esse sucesso em provas internacionais acabou se refletindo no Brasil, onde o motocross, desde o seu lançamento, permanecia sob o domínio absoluto dos produtos da Yamaha.

Através da revenda Gaúcha-Cross, a Honda investiu com seriedade. Contratou nada menos do que Pedro Bernardo Raimundo, o "Moronguinho", Campeão Brasileiro, Latino-Americano e apontado pelo tricampeão mundial Heikki Mikkola como o melhor piloto brasileiro da atualidade.

Sem apoio oficial direto mas com o patrocínio da Staroup, os paulistas Carlos Ourique "Scateninha" e Marcelo Scarano, também trocaram seu equipamento original Yamaha, pelas novíssimas Honda CR125 RW e CR250 RW. "Scateninha", principalmente, é considerado um valor quase ao nível dos campeões "Moronguinho", Nivanor Bernardi e Roberto Boettcher, mas, na opinião de alguns, ainda lhe falta um pouco de maturidade para alçar-se ao padrão dos demais.

Ciente e ao mesmo tempo preocupada com a investida da Honda, a Yamaha não perdeu tempo. Com o co-patrocínio da Shell, armou uma equipe de fábrica com Nivanor Bernardi e Roberto Boettcher, antes ferrenhos rivais dentro das pistas. Para fazer frente á concorrência, mandou trazer as Yamaha 125 e 250 YZH, modelos do ano, a menor, com refrigeração a água e a 250, equipada com a válvula YEIS, que, segundo o fabricante, permite maior aproveitamento do torque em baixas rotações.

Imaginando que "Moronguinho" eventualmente disputaria provas do regional paulista como "hors-concours", inscreveu tanto Nivanor quanto Boettcher pela federação paulista.























Nivanor Bernardi

Finalmente, o grande "tira-teima"; a primeira etapa do Campeonato Brasileiro, disputado na pista de Novo Hamburgo. "Moronguinho", que nunca vencera uma prova nacional em frente a seu público, levava muito a sério sua responsabilidade e treinava quase que um mês seguido na pista.

"Scateninha", seguindo os passos do piloto líder, chegava juntamente com Marcelo Scarano, quase dez dias antes da prova. O último não chegou nem a correr, vítima de uma fratura nos dedos do pé.

Nivanor Bernardi chegou somente no dia anterior à disputa e em menos de quatro voltas já virava marcas quase iguais às do gaúcho. Roberto Boettcher, ainda longe de seu melhor condicionamento físico, dava o melhor de si na esperança de, pelo menos, auxiliar no espírito de equipe.

A bateria de 125 cc foi talvez uma das melhores provas que a categoria já assistiu.

Em frente a mais de 40 mil espectadores, "Moronguinho" largou na dianteira seguido de perto por Nivanor e Boettcher. À medida que Boettcher perdia contato com os líderes, "Moronguinho" aumentava sua vantagem sobre o paranaense.

Com dez minutos de prova, a vitória do gaúcho, salvo problemas mecânicos, parecia assegurada. Para completar a impressão, Nivanor, sofreu uma queda, atrasando-se ainda mais. Mas, o impossível acabou acontecendo.

Pouco a pouco, com uma determinação absurda, Nivanor Bernardi começou a descontar a diferença até que, faltando quatro voltas, encostou decididamente em "Moronguinho". Foi a conta. Enquanto a multidão "urrava", Nivanor tentou por três vezes a ultrapassagem, sem resultado. No final, faltando uma volta, a segunda queda o alijou da disputa e trouxe para o gaúcho e a Honda seu primeiro grande resultado.

Na bateria de 250 cc, tudo fazia crer que o espetáculo se repetiria. Quem partiu na dianteira foi "Scateninha", mas logo na primeira volta foi ultrapassado por "Moronguinho". Duas voltas mais tarde, foi a vez de Nivanor, que na metade da prova assumiu a dianteira.

O gaúcho ainda tentou pressionar mas, como confirmou mais tarde, o cansaço era demais. Vitória para Nivanor Bernardi e para a Yamaha. Depois da primeira etapa do brasileiro, Yamaha e Honda permanecem empatadas: uma vitória para cada uma.

125 Cm³
  1. Pedro Raimundo "Moronguinho" - HONDA
  2. Nivanor Bernardi - YAMAHA
  3. Ademir Silva - KAWASAKI
  4. Léo Dias - HONDA
  5. Osmar Ferreira - YAMAHA
  6. Roberto Boettcher - YAMAHA
250 Cm³
  1. Nivanor Bernardi - YAMAHA
  2. Pedro Raimundo "Moronguinho" - HONDA
  3. Carlos Ourique "Scateninha" - HONDA
  4. Roberto Boettcher - YAMAHA
  5. Ademir Silva - KAWASAKI
  6. Fábio Ceschin - YAMAHA