terça-feira, 4 de dezembro de 2012

LUTA DE CAMPEÕES


Ademar Cardoso campeão das Classes R6 e ON

Ao terminar o XX Campeonato Paulista e II Interestadual, mais uma vez a Motonàutica deixou à mostra os problemas que enfrenta.

Os barcos são praticamente os mesmos há vários anos, só um pedido de importação entrou nos últimos tempos na Confederação Brasileira de Vela e Motor (por causa do depósito de importação). E por isso os campeonatos disputados praticamente não se renovam : são sempre os mesmos vencedores.

Juntem-se a tudo isso as recentes ameaças que pairaram sobre a motonáutica por causa das restrições do uso de combustível (as provas foram reduzidas de 30 para 20 minutos) e está formado um quadro da situação atual da motonáutica brasileira.

Lalo Corbetta

Apesar das dificuldades, um punhado de aficionados continua trabalhando para que o esporte não entre em declínio. E o gaúcho Lalo Corbetta, Campeão Brasileiro da Classe ON durante sete anos, certamente faz parte desse grupo.

Considerado o melhor motonauta brasileiro, com uma vitória na difícil prova Seis Horas de Paris em 1975 e um quinto lugar em 1976. Lalo investe muito dinheiro no esporte que só lhe dá satisfação puramente pessoal.

Seu barco, por exemplo, um casco italiano Molinari equipado com motor norte-americano Mercury de popa, custa aproximadamente Cr$ 400.000,00.

"É muito difícil praticar a motonáutica no Brasil. Nosso esporte é considerado amador pelo Conselho Nacional de Desportos e a verba destinada à Confederação Brasileira de Vela e Motor, que no ano passado foi de Cr$ 450.000,00 não dá nem para pagar os prêmios e a estada dos pilotos nos locais das competições. Assim, temos que investir dinheiro do bolso. Importar novos equipamentos também ficou muito difícil. Temos que depositar a mesma quantia gasta com a importação no Banco Central por um ano. Poucos são os praticantes que estão renovando seus equipamentos ".

Lúcio Sallowicz da Classe R5

Mas é só no Brasil que Lalo Corbetta não recebe muito apoio para competir.

" Quando vou correr na França eu recebo um casco da fábrica Molinari e a Mercury cede os motores. Só assim é possível conseguir algum resultado lá fora. No Brasil, tenho que comprar tudo. Nem mesmo velas para o motor eu consigo do representante da fábrica Mercury. Continuo na motonáutica porque gosto do esporte ".

Wallace Franz

Além de gostar, Lalo Corbetta é realmente o melhor. Participou de apenas três das cinco etapas do Campeonato Interestadual de Motonáutica e venceu-as, ficando com o título de vice-campeão, apenas 227 pontos atrás do campeão Ademar Cardoso.

Na última prova, disputada na Represa Billings, Lalo chegou quase uma volta à frente de Ademar Cardoso.

Várias são as categorias de barcos que participam dos campeonatos disputados no Brasil. Na final dos Campeonatos Interestadual e Paulista, participaram barcos das Classes S (a letra indica que os barcos devem ser da categoria esporte com motores de popa sem preparação a não ser hélice e carburador) divididos nas seguintes cilindradas : até 500cc Classe SC; até 700cc Classe SD; até 850cc Classe SE; até 2.000cc Classe SN e os S5, que são barcos do tipo Crack Box com motores de centro, sem preparação, com 5.000cc.

As outras categorias são da Classe O, barcos geralmente hidroplanos equipados com motores de popa. Existem as Classes OE até 850cc e ON até 2.000cc. A Classe ON é considerada a Fórmula 1 da motonáutica e seus barcos podem atingir até 200 Km/h ao nível do mar, como é o caso do barco de Lalo Corbetta.

Giacomo Campioni campeão da Classe SE

Finalmente, existem as categorias R5 e R6, que são disputadas apenas em São Paulo. São barcos hidroplanos conhecidos como Três Pontos, porque se apóiam em apenas três pontos na água : hélice e as laterais traseiras do casco.

São equipados com motor de centro de preparação livre, desenvolvendo também grande velocidade. Nas provas do dia 18, as melhores disputas foram justamente na categoria ON. Tanto pelo excelente desempenho de Lalo Corbetta, que fez o público até apostar para ver se conseguiria uma volta de vantagem sobre o segundo colocado, como pela disputa do segundo lugar entre Ademar Cardoso e Wallace Franz.

Pedro Azzoni campeão da Classe S5

A disputa entre Ademar Cardoso e Wallace Franz, Campeão Mundial da Classe Oceano (Off-Shore) em 1975. Eles disputaram a colocação durante os vinte minutos da prova, mas no final quem levou a melhor foi Ademar Cardoso, que conquistou o título de Campeão Interestadual e Paulista.

II CAMPEONATO INTERESTADUAL MOTONÁUTICA
Classe SC
  1. Carlos Friedrich (PR)
  2. Fabio Boranga (SP)
Classe SD
  1. Tadeu Grecca (PR)
  2. Claudio Teixeira (PR)
  3. Alberto Schwach (SP)
  4. Sidnei Trassi (SP)
  5. Valter Muller (SP)
Classe SE

  1. Giacomo Campioni (SP)
  2. Nicolas Evangelos (SP)
  3. Domingos Costa Neto (SP)
  4. Alfredo Westzcovith (PR)
Classe S5

  1. Pedro Azzoni Filho (SP)
  2. Manuel Corazza Neto (SP)
  3. Carlos Napolitano (SP)
  4. Evanir Sartor (SP)
Classe SN

  1. Oduvaldo Cruz (SP)
  2. Antonio Teixeira (SP)
  3. Paulo Santo Mauro (SP)
  4. Antonio Rodrigues (RJ)
Classe ON

  1. Ademar Cardoso (SP)
  2. Lalo Corbetta (RS)
  3. Wallace Franz (SP)
  4. Toni Santo Mauro (SP)
  5. Antonio Rodriguez (RJ)
  6. Ronaldo Monteiro de Carvalho (SP)
  7. Julio Renner (RS)
  8. Carlos Fleck (SP)
  9. Mauricio Dantas Torres (RJ)