quarta-feira, 13 de março de 2013

Maria Cristina Rosito



Maria Cristina: no kart ou no motociclismo, a mesma sede de vitórias


Desde os sete anos de idade, a gaúcha Maria Cristina Rosito, filha do ex-piloto de automobilismo Raffaele Rosito, convive com o sucesso.

Com aquela idade ela conquistou o título gaúcho de natação, na categoria petiz, e iniciou uma trajetória que a levou ao ciclismo, kartismo e finalmente ao motociclismo, sempre demonstrando a mesma técnica e audácia que caracterizaram seu pai no passado.

Se no início o tradicional machismo gaúcho ficava ferido com as constantes vitórias da "Chuletinha", hoje isto já não acontece, e todos os adversários já se acostumaram a ver em Maria Cristina Rosito não a menina bonita e introvertida, mas o adversário perigoso e determinado, que só entrega uma posição por um problema mecânico ou acidente motivado por sua audácia por vezes excessiva.

Sem filhos homens, Raffaele Rosito é o maior incentivador da filha, a quem pretende transformar numa campeã de automobilismo.

Desde 1978, quando introduziu Maria Cristina, então com onze anos, no motociclismo de competição, Rosito tem sido o team manager da filha, incansável na busca de patrocínios, novos equipamentos e divulgação.

Profundo conhecedor do esporte-motor, Rosito sempre se preocupou muito com a forma técnica de Cristina, obrigando a filha a trocar namorados e festinhas por treinos intensivos e verdadeiras aulas de mecânica. Com tudo isso, mais a capacidade inata de Maria Cristina, os resultados não tardaram a aparecer.

Em 1978 foi campeã gaúcha de motociclismo na categoria feminina, deixando sua irmã Maria do Carmo, que depois abandonaria o esporte, em segundo lugar.

Em 1979 foi Raffaele quem resolveu correr: cumprindo o trato feito com sua esposa, de que apenas um membro da família participaria de corridas, convenceu Maria Cristina a fazer um intervalo na carreira. Mas a competição estava no sangue de Maria Cristina e, como não podia correr de moto, ela foi participar de provas de ciclismo. Já nesse ano venceu o Torneio Interpraias, pilotando bicicleta como uma veterana.

No ano seguinte, 1980, repetiu a dose, vencendo o Campeonato Citadino de Porto Alegre de Ciclismo, para em 1981 ingressar no kartismo, depois que o pai abandonou definitivamente as pistas. E começou vencendo. Apesar de estreante, Maria Cristina foi campeã citadina e gaúcha de kart na categoria Quarta Menor, demonstrando grande superioridade sobre os adversários.

Isto motivou Rosito a inscrevê-la no Campeonato Brasileiro de Kart deste ano, e Maria Cristina voltou a Porto Alegre com o título nacional e a certeza de estar entre os melhores kartistas do país. Depois disto, Raffaele Rosito levou Maria Cristina para a Itália, a fim de participar do Mundial de Kart, apenas para ganhar experiência.

Maria Cristina não chegou a se classificar para a prova final, mas os conhecimentos adquiridos foram suficientes para que ela voltasse vencendo todas as provas do Campeonato Gaúcho de Kart, certame que atualmente lidera com facilidade.

Foi então que surgiu a oportunidade de voltar ao motociclismo. O preparador Nenê Lobato, foi procurar Rosito para pedir que Maria Cristina pilotasse a moto de Pedro Luiz Rieira na primeira etapa do Campeonato Gaúcho de motociclismo, categoria 125 cc, já que o piloto titular havia sofrido uma queda nos treinos e fraturado a clavícula.

Raffaele Rosito aprovou e Maria Cristina venceu a corrida, apesar da forte chuva e do longo tempo que estivera afastada do motociclismo. Com isto, Nenê Lobato entusiasmou-se e montou outra moto para Maria Cristina, que a esta altura já contava com o apoio da Cautol Motos, uma revenda Yamaha da cidade de Canoas.

Na segunda prova, Maria Cristina teve problemas e ficou parada na largada, mas mesmo assim recuperou-se e chegou em terceiro lugar, novamente pilotando com maestria na pista molhada. Na terceira prova, ela sofreu uma violenta queda na Curva do Lago, em Tarumã, quando liderava, e demonstrando a raça que sempre a caracterizou, voltou prova para terminar em quarto lugar.

Agora, as expectativas de Raffaele Rosito se voltam para o próximo ano, quando ele precisará definir se Maria Cristina permanecerá  no motociclismo ou se dedicará exclusivamente ao kartismo.

A idéia de Rosito é  disputar o Mundial de Kart mais uma vez, para isto precisa de 30 mil dólares e ainda não conseguiu nenhum patrocinador. Existe também a possibilidade de Maria Cristina ser convidada pela Yamaha para disputar o Campeonato Brasileiro de Motociclismo.

Por isso, Rosito prefere esperar o final da temporada para tomar a decisão. Já Maria Cristina, indiferente, parece pronta para enfrentar qualquer desafio. Segundo ela, "o importante é correr, não importa a categoria".