Voltaire Moog e Artur Bragantini
Com quatro etapas disputadas, a Fórmula Ford atinge a metade de sua atual temporada marcada, principalmente, pelo equilíbrio técnico e pela inexistência de favoritos ao título.
Uma situação que pode ser traduzida em números: apenas nove pontos separam os seis primeiros no campeonato. Como se não bastasse os números, existe ainda três importantes fatores; Artur Bragantini, senhor absoluto da temporada passada, não ganhou nenhuma prova este ano; e como o vencedor da quarta etapa, disputada em Goiânia, o gaúcho Egon Herztfeldt, não está incluído na lista dos seis primeiros no campeonato.
Os possuidores de boa memória lembram-se que, quando a temporada do ano passado atingiu sua primeira metade, Artur Bragantini já caminhava com a mais tranqüila serenidade para seu terceiro título na categoria. Naquela ocasião, ele já gozava de uma vantagem de 44 pontos sobre o vice-lider do campeonato. Ou seja, enquanto Alexandre Negrão possuía parcos 42 pontos, Bragantini dava-se ao luxo e somava mais do que o dobro, 86 pontos.
Este ano, nada faz lembrar a temporada passada. Maurizio Sala, graças ao quinto lugar conquistado em Goiânia, conseguiu recuperar a ponta do campeonato, com 43 pontos. Walter Soldan, 4° em Goiânia, subiu para vice-líder, com 42. Artur Bragantini, apoiado na regularidade de suas apresentações, marcou pontos nas quatro corridas, está em terceiro com 38 pontos.
Luis Alberto de Castro, que também ainda não venceu este ano, e que na corrida de Goiânia foi obrigado a abandonar por quebra do motor, baixou para quarto lugar no campeonato, e empatou em 36 pontos com João Ferreira, o "Bagunça".
O sexto colocado na tabela de pontos é Voltaire Moog, que ao terminar em segundo lugar a corrida de Goiânia, uma posição à frente de seu companheiro de equipe, Bragantini, provou estar fazendo este ano sua melhor campanha desde que ingressou na categoria.
Em sétimo lugar, e agora mais do que nunca caminhando em direção aos líderes, esta Egon Herztfeldt, vencedor incontestável da prova de Goiânia, e desde então com 30 pontos no campeonato.
Na quarta etapa da Fórmula Ford, o domínio de Egon Herztfeld foi incontestável.
Gaúcho, 26 anos, jeito simples e um apaixonado declarado por mecânica, Egon não conseguia esconder sua satisfação com o seu primeiro resultado positivo, desde que começou a participar da categoria, no final do ano passado:
" Quando decidi correr na Fórmula Ford, achei mais logico fazer um carro novo, sob medida. Peguei o gabarito original dos BINO e comecei a trabalhar. Puxei o cockpit mais para frente, passei os radiadores para cima do motor e dei um perfil asa à carroçaria. Depois, veio o mais difícil: o motor. Hoje só tenho um, mas ele é muito bom. "
Egon começou a exibir seu favoritismo ainda na sexta feira, dia de treinos livres quando foi o mais rápido. No dia seguinte, durante as duas sessões de classificação, apenas confirmou assinalando a pole-position com mais de 1 segundo de vantagem sobre o segundo melhor tempo.
E na corrida, só não liderou nos primeiros instantes da bateria inicial. Depois, já na frente, só fez aumentar sua vantagem sobre atônitos perseguidores, faturando com tranqüilidade as duas baterias. Foi um domínio tão absoluto que quando a prova terminou, ficou no ar uma dúvida: E se nas corridas que restam Egon repetir a mesma performance de Goiânia ?
A ordem de largada da corrida ficou praticamente definida logo após a primeira sessão de treinos cronometrados.
A ordem de largada da corrida ficou praticamente definida logo após a primeira sessão de treinos cronometrados.
Egon Herztfeld
Egon Herztfeld, com o tempo de 1m41,40s, ao mesmo tempo em que garantia a pole-position deixava na concorrência um amargo sabor de derrota:
" O jeito e correr pelo segundo lugar, porque o primeiro já tem dono ", repetia, meio desanimado, Maurizio Sala, segundo tempo.
Na terceira posição, uma surpresa: Domenico Paganoni, um jovem piloto paulista que até bem pouco tempo atrás dedicava-se aos karts. Utilizando um chassi BINO comprado de "Graham Hill" e um motor que pertencera a Mário Covas e preparado por Manelão, Domenico era, para muitos, o único com um carro em condições de fazer frente ao de Egon.
Nas duas posições seguintes estavam os dois carros da equipe Gedore, de Bragantini e Voltarie Moog, cujas principais novidades eram as novas carenagens, mais aerodinâmicas, projetadas por Clóvis de Moraes. Em sexto ficou Walder Soldan, um dos poucos a conseguir baixar sua marca na segunda sessão, quando a pista já estava bem mais lenta em razão do acúmulo de óleo e poeira.
Na largada da primeira bateria, enquanto Domenico Paganoni ficava parado na pista por quebra da alavanca de câmbio, Bragantini pulava meteoricamente da quarta para a primeira posição. Foi, sem dúvida, uma manobra fulminante, mas que não passou desapercebida aos olhos dos comissários desportivos, que imediatamente o penalizaram em dez segundos por queimar a largada.
Mesmo partindo na frente, Bragantini foi logo ultrapassado por Egon, a partir dali lider disparado de toda a competição. Até a bandeirada de chegada, na 12ª volta, Egon continuou abrindo, mas num ritmo que denunciava claramente uma preocupação em poupar o equipamento.
Em contrapartida, Bragantini e Moog, mesmo fazendo jogo de equipe, não conseguiram fazer baixar a diferença que os separavam do lider. Na chegada, Egon passou com uma vantagem de quase seis segundos sobre a dupla da equipe Gedore. Soldan, correndo isolado e sem muitas pretensões acabou em quarto. Maurizio Sala, Sócrates, Bagunça, Rangel, Wypich e Resende terminaram a seguir.
A segunda bateria nada mais foi do que uma repetição da primeira. Egon largou na frente e liderou sem problemas até o final, vencendo novamente com seis segundos de vantagem sobre o segundo colocado, Walter Soldan.
CAMPEONATO BRASILEIRO DE FÓRMULA FORD
- E. Herztfeld / Imp. Americana
- V. Moog / Gedore - Transbrasil
- A. Bragantini / Gedore - Transbrasil
- W. Soldan
- M. Sala / Bendix - Fram
- J. Ferreira / IEC Rollei
- S. Fontes / Madecal - Status
- A. Rangel / Champion
- R. Resende / Pizza Giola
- R. Wypich / Brasnorte