quinta-feira, 4 de julho de 2013

APPP




Associação dos Profissionais, Pilotos e Patrocinadores da Fórmula 2 Brasil. Para os íntimos, que pela extensão do título parecem ser muitos, simplesmente APPP.

De alguns anos para cá, mais precisamente 1976 com a criação da ABPP, Associação Brasileira de Pilotos e Profissionais, nosso automobilismo viu proliferarem das mais variadas formas, mas sempre com o mesmo objetivo, uma infinidade de clubes, associações, comitês e grupos de trabalho.

Todos eles dedicados exclusivamente a fazer um trabalho que em sua essência, deveria ser de responsabilidade da Confederação Brasileira de Automobilismo.

Mas, nosso esporte sempre foi pródigo em poetas e "ilusionistas" dos mais variados naipes. Por isso mesmo, para que uma categoria sobreviva, só existem duas alternativas: ou ela conta, desde o início, com o respaldo de uma grande montadora ou os pilotos se unem e tentam realizar, eles mesmos, o trabalho de promoção e divulgação que caberia à montadora.

Sim, porque já ficou mais do que provado que a CBA, por anos a fio, sob a direção de quem estiver, promete e jamais cumpre. Coloca pilha, mas não liga.

Criada em 1980, a Fórmula 2 Brasil foi a melhor alternativa encontrada para suprir a malfadada debanda da Volkswagen das pistas.

Aberta a qualquer opção de chassi e motor e, principalmente, embalada na palavra fácil de Carlos Cavalcanti, apesar do surgimento de dois excelentes carros, MUFFATÃO e HEVE, bastou uma temporada para que se pressentisse que sua agonia estava próxima. Poucos carros, espetáculos medíocres em termos de disputa e falta absoluta de um apoio concreto por parte da CBA foram os sintomas. E, possivelmente, uma futura causa-mortis.

Então, como em qualquer faroeste que se preze, chegaram os mocinhos. E, é claro, todo mundo está torcendo por eles, mesmo sabendo que os bandidos são em maior número e estão mais bem armados.

Surgiu a APPP, em um momento de desespero: " Em Tarumã foi um caos. Multaram plotos, pintaram e bordaram, queriam tudo e não davam nada. Uma credencial da CBA dava direitos de vida e morte sobre a categoria ", explica Antônio de Souza, presidente eleito da APPP a 15 de junho.

Até então, a Fórmula 2 Brasil só tinha uma comissão de pilotos, presidida por Pedro Muffato, totalmente inoperante. Tudo porque cada piloto morava em um estado e, como dignos empresários, restava sempre pouca munição para o tiroteio.

De início, a APPP se propõe a ser muito mais abrangente do que qualquer comissão. Por isso mesmo, reúne pilotos, preparadores, mecânicos, jornalistas, patrocinadores e qualquer interessado na categoria.

De Souza é o presidente, Muffato é o vice, André Bragantini é o tesoureiro, Armândio "Gigante" Ferreira atua com primeiro secretário e, mais importante, Grabiel Cherubini, Jorge Storni e Leonel Friedrich são diretores adjuntos e funcionam como um conselho fiscal.

Cherubini e Storni, responsáveis pelo envolvimento da Denim na categoria, disparado o maior patrociador até agora, vão utilizar todo seu know-how de marketing para viabilizar a Fórmula 2 em termos empresariais. Como confirmando que a APPP nasceu para resolver, quinze dias depois de oficializada, ela já deu uma pequena mostra do que pretende.

Em Interlagos, um público recorde de vinte mil pessoas, prestigiou a quinta etapa do calendário. Segundo Toninho De Souza, "o primeiro objetivo é fazer renascer o fascínio pelos ídolos ". Por isso, depois da prova abrimos os portões para que o povão pudesse circular pelos boxes, pedir autógrafos e ver de perto carros e pilotos ".

Além desta medida, a CMTC colocou sete linhas de ônibus direto para Interlagos. Por Cr$150, estavam incluídos o transporte e ingresso, e com isso conseguiu-se atingir um público novo atraído pelas chamadas de rádio e TV, e distribuição de brindes.

Um universo diferenciado dos tradicionais 2/3 mil habituées das provas de Interlagos. Mas a APPP quer mais ainda. Quer assessorar dirigentes na realização de cada prova, policiar as condições dos circuitos através do Diretor de Segurança Artur Bragantini, auxiliar cada piloto na descoberta de novos patrocinadores e até mesmo buscar em outras categorias alguns nomes que consigam atrair mais público para o espetáculo que se propõe apresentar.

Alguns destes nomes já são de conhecimento público: Alfredo Guaraná (com contrato quase fechado), Ingo Hoffmann, Paulo Gomes, Egon Hertzfeldt e Alex Dias Ribeiro. E, na última prova do ano, a presença de um carro, de Nelson Piquet.

Na opinião de Antônio De Souza, o caminho já está traçado e não existem riscos: " Pode cair até o presidente da CBA que, pelo que já foi investido, a categoria não morre. Até o final do ano vamos ter um grid de 20 carros. Estamos lutando para que a associação tenha um percentual de bilheteria e, no ano que vem, o grande passo deverá ser realmente o torneio sul-americano, com provas no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Mas, sem sonhos mirabolantes de 12 etapas: serão só quatro, para que todos possam participar.