quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CAMPEONATO PAULISTA DE MOTOCROSS


1975 - Das seis baterias disputadas na abertura do Campeonato Paulista de Motocross, em Sorocaba, (três de 125 e três de 250 cc), Nivanor Bernardi ganhou cinco.

Apesar disso, e da excelente fase por que passa o campeão de 1974, a temporada deste ano parece ter afastado o perigo da monotonia : novas revelações estão surgindo e, mesmo que não dêem trabalho a Nivanor, certamente oferecerão bons espetáculos nos pelotões intermediários.


Em partidas de futebol, o recorde de público na cidade é de 15 mil pessoas. Na rodada de abertura do Campeonato Paulista de Motocross, havia quase 40 mil pessoas _ o que parece confirmar as opiniões de que Sorocaba caminha rapidamente para tornar-se uma espécie de "Capital Motociclística" do interior do estado de São Paulo. Com apenas 180 mil habitantes, a cidade tem 750 motocicletas (sem contar motonetas, lambretas e vespas), o que dá um dos mais altos índices proporcionais do país.

Organizado pelo Sorocaba Motor Clube e Centauro Motor Clube, a prova de abertura foi realizada numa nova pista, de 1.200 metros, construída nos moldes dos circuitos internacionais, medida que reflete uma nova mentalidade cujo objetivo é dar aos pilotos brasileiros condições de evoluirem dentro do mesmo tipo de pista "travada" nas quais são disputadas as provas de cross no exterior.

Até então, em decorrência talvez da pouca idade desse esporte no Brasil, os circuitos tem sido construídos com percursos mais suaves, o que, se cumpre uma função de não assustar novos adeptos com obstáculos em excesso, já não oferece a necessária carga de desafios aos veteranos.

Com 23 concorrentes, as três baterias da categoria 125 cc apresentaram uma briga constante entre Nivanor Bernardi, Roberto Boettcher e Francisco Carvalho o "Neco", todos com Yamaha.

Essa marca, aliás, dominou: de um total de 42 motos nas duas categorias, havia apenas três Suzuki e a Maico do uruguaio Gustavo Cerdeña.

Com uma excelente largada, Nivanor Bernardi foi menos incomodado na primeira bateria, deixando Roberto Boettcher e Neco lutando pela segunda colocação, poucos metros atrás. Já na segunda bateria, certamente mais desinibidos, os dois jovens ameaçaram o campeão brasileiro do início ao fim, apesar dos problemas enfrentados por Neco nas últimas voltas.

A terceira bateria foi a melhor de todo o torneio: retardando-se na largada, Nivanor Bernardi saiu em quinto lugar. Ganhando posições nos trechos mais difíceis do circuito, ele aparecia em terceiro lugar já na sexta volta, atrás de Boettcher e Neco, iniciando um duelo longamente aplaudido pelo público.

Mesmo depois de uma queda, Nivanor conseguiu recuperar-se e encostar novamente nos líderes. Passou para segundo a duas voltas do final, mas não teve tempo de alcançar Boettcher, que a partir desse momento era chamado de Davi, numa clara referência ao vencedor do gigante Golias.


 O uruguaio Gustavo Cerdeña e o jovem Roberto Boettcher


Na categoria 250 cc, com 19 concorrentes, Nivanor venceu as três baterias, em todas elas seguido pelo uruguaio Gustavo Cerdeña.

Apenas na primeira Nivanor teve que se esforçar, também por causa de uma má largada. Gustavo Cerdeña, que correu em primeiro nas voltas iniciais, trocou duas vezes de posição com Francisco Carvalho, mas nenhum dos dois conseguiu barrar Nivanor, que parece disposto a dar tudo que tem para atrair os patrocinadores de que necessita para competir no Mundial.

Na segunda bateria, ele e Cerdeña, o uruguaio atualmente radicado no Brasil, manteve-se a uma distância prudente todo o tempo, depois de uma tentativa frustrada de acompanhá-lo nas primeiras voltas, chegaram a colocar uma volta de vantagem sobre os demais. Também sem ninguém ameaçando-os, os dois correram tranqüilos na terceira e última bateria.

A julgar pela abertura, o campeonato de cross deste ano deverá repetir 1974 na categoria 250 cc, mas na 125 cc algumas boas surpresas parecem esboçar-se no pelotão intermediário, já que dificilmente alguém terá condições de roubar as vitórias que Nivanor pretende continuar colecionando.

Roberto Boettcher e Francisco Carvalho ressentem-se ainda da experiência e preparo físico necessários para dosar melhor seus desempenhos, mas já mostram condições de suprir a falta de ídolos. Principalmente Franscisco Carvalho, o Neco, que tem apenas 17 anos e já é apontado como futuro campeão, desde que consiga adicionar uma boa dose de calma ao seu estilo.




CLASSIFICAÇÃO GERAL 125 CC

  1. NIVANOR BERNARDI
  2. ROBERTO BOETTCHER
  3. FRANCISCO "NECO"  CARVALHO
  4. MARCELO R. MENTIEL
  5. MARIO CALCIA


CLASSIFICAÇÃO GERAL 250 CC

  1. NIVANOR BERNARDI
  2. GUSTAVO CERDEÑA
  3. AUGUSTO TOLEDO
  4. ERNESTO MARTINS
  5. UBIRATAN RIOS