sexta-feira, 11 de março de 2016

FORMULA 3



1970 - Quem estêve em Rouen, como eu, e pôde assistir à prova alucinante em que Wilsinho conseguiu o segundo lugar não terá dúvidas em dizer que brevemente êle estará correndo entre os melhores do mundo. Aquela corrida foi uma loucura, tôda disputada na base do vácuo. Wilsinho teve sérios problemas para deixar o carro em condições de correr: êle estava com as relações de marcha erradas e com uma mola de válvula quebrada no motor.

Por isso nos treinos, conseguiu fazer apenas o necessário para se classificar. Entre os vinte pilotos classificados, êle foi o vigésimo, largou em último lugar. Mas no fim da primeira volta já estava em décimo e, duas ou três voltas depois, já passara para a linha da frente: não era um pelotão, era mesmo uma linha, três ou quatro carros emparelhados, sem deixar qualquer brecha livre na pista. Atrás, outras linhas brigando na mesma situação.

Numa das voltas, Jean-Luc Salomon, para conseguir uma ultrapassagem, saiu da pista e passou pela faixa dos boxes. Poucos instantes depois, êle sofreria o acidente que o matou.

Wilsinho, apesar de ter largado atrás de todos, liderou a maior parte das trinta voltas da prova. Na última volta, êle entrou na reta de chegada ainda na ponta; faltando uns 100 metros para o final, James Hunt saiu do vácuo de Wilsinho e conseguiu ultrapassá-lo bem em cima da linha de chegada. 

Mike Beutler foi o terceiro também grudado em Wilsinho. Depois dêsses três, ninguém mais. Todos sentiram uma impressão de tragédia no ar. Wilsinho me contou o que vira no espelho retrovisor de seu carro, naquela última volta:

"Vi o carro de Salomon decolar da pista, rodopiar no ar e tombar de bôrco."

Jean-Luc Salomon ainda foi levado com vida para o hospital, mas morreu naquela noite. Dennis Dayan, cujo carro chocou-se contra um guard-rail na mesma corrida, morreu no hospital duas semanas depois.