quarta-feira, 1 de junho de 2016

PONTO FINAL NA CARREIRA



Domingo em Mônaco o brasileiro Felipe Nars colocou um ponto final na sua carreira. Ele próprio cavou a sua sepultura.

Já vinha dando sinais desde o ano passado. Sua postura e comportamento já indicavam o final melancólico.

Não é o único culpado. Pessoas que o cercam tem uma parcela maior de culpa. A impressão que tenho é que o maior problema foi que sua carreira foi mal gerenciada. Nada a ver com o mal desempenho de seu carro ou os problemas com sua equipe.

Seu tio, que segundo informações da imprensa é quem gerência a sua carreira, na minha opinião foi o maior responsável. Não soube orientar e aconselhar.

Um piloto jovem que acaba de entrar na Fórmula 1 precisa ter um bom suporte fora do carro para que se sinta tranquilo e possa desenvolver com calma o seu talento. Tem que ser bem assessorado.

Não foi o que se viu. Faltou um pouco de humildade. Talvez pelos comentários eufóricos de alguns brasileiros que o colocavam como um novo campeão mundial da Fórmula 1, quando ainda engatinhava na GP2.

Será que foi isso?  não sei.

Mas o maior problema que os jovens pilotos brasileiros enfrentam e a síndrome do tri-campeonato.

Ayrton Senna é culpado. Por incrível que pareça sua figura hoje em dia faz mal ao automobilismo brasileiro.

Num país onde a cultura automobilística é pobre, onde há pouca informação e muitas vezes divulgada de forma errada, acaba prejudicando aqueles que almejam a glória na Fórmula 1.

O sujeito tem que ganhar de cara 3 campeonatos senão já começam a falar que o cara não presta. E não é aquele negócio de rede sociais, é gente especializada.

Falta de informação, falta de conhecimento, falta de cultura automobilística.

Tem muito "Giba do Volei". Sabe aquele negócio. "A última corrida que assisti foi quando o Senna ganhou com aquele carro preto"... esse tipo de coisa.

Brasileiro não entende bulufas de automobilismo.

Aqueles altíssimos índices de audiência no tempo do Senna eram frutos de um marketing bem elaborado. Não era um interesse real pela Fórmula 1. Quando tiraram o produto da prateleira, o consumidor sumiu. Rapidamente tentaram substituir por um genérico, mas não deu certo.

Não é como no futebol. No futebol se tiram o Neymar ou outro ídolo, pode cair um pouco a audiência, mas o interesse continua.

Vejam o exemplo do que aconteceu com Felipe Nars no domingo. Na hora eu já saquei o que iam falar por aqui:

"Beleza, é isso aí, tem que fazer isso", "Fez o certo",

"Macho, fez o que o Barrichello e o Massa não tiveram coragem de fazer"

É uma total falta de conhecimento.

Barrichello e Massa foram vice-campeões, venceram 11 Grandes Prêmios, estão entre os 10 que mais GPs disputaram, não compraram vagas nas equipes, recebiam (recebem) altíssimos salários, mas não tem o reconhecimento que merecem no Brasil.

Fizeram o certo quando receberam as ordens da equipe, eu se estivesse no lugar deles faria a mesma coisa. Na vida as vezes você tem que saber recuar para em seguida avançar.

Agora a atitude equivocada e desastrosa de um piloto que paga por uma vaga em uma equipe, é reverenciada.

E não para por aí. Ficam tentando achar culpado: "O Ericsson bateu de propósito", "Falta comando da Monisha", só que ninguém percebeu que o único culpado é o Nars.

Ano passado ele fez uma ou duas corridas boas, depois começou a mudar o comportamento.

Teve o negócio com o freio, depois trocou o engenheiro, aí implicou com o chassi, reclamou do companheiro de equipe.

No domingo estava a frente de seu companheiro quando recebeu ordens pelo rádio para deixá-lo passar.

Deve ter havido algum motivo para essa atitude da equipe, não foi porque a Monisha acha lindo os olhos azuis do Marcus. A equipe deve ter visto que o desempenho do Ericsson era melhor e teriam uma chance de conseguir um melhor resultado. Foi informado para o Nars que caso o Ericsson não abrisse uma diferença eles invertiam de novo.

Não vejo nada de errado nisso. Numa pista como Monaco, onde um carro lento pode segurar um carro mais rápido, seria uma tentativa de atacar com os dois carros. Na atual situação da equipe, seria importante ganhar aquela posição. Você poderia questionar se fosse uma briga pela vitória, mas era pelo 17º lugar.

O erro do Nars não pode ser justificado pelo erro do Ericsson. Os dois erraram, mas o Nars deveria ter seguido as ordens da equipe. Mostrou que é tão desmiolado quanto o Ericsson. Já vinham se estranhando desde o ano passado, por várias vezes se tocaram, em Austin Nars perdeu o bico em toque tentando ultrapassar Marcus. Era só uma questão de tempo para isso acontecer.

Nars não ganhou nada com isso. Tem que ser criticado, não elogiado.

"Marcou seu território"

 só que de forma errada...

... fazendo xixi na perna do dono.