sexta-feira, 23 de junho de 2017

JABOUILLE

Vitória de Laffite em Zeltweg, Piquet foi terceiro


1981 - Uma grande reviravolta pouco antes do Grande Prêmio da Alemanha, foi a surpreendente saída de Gerard Ducarouge da Talbot Ligier. Responsável pelas vitórias da Matra em Le Mans, engenheiro especializado em aeronáutica, Ducarouge foi o cérebro da Ligier no seu início na Fórmula 1, mas com a fusão com a Talbot as exigências começaram a ser maiores, e passaram a ser questionadas as qualidades do chefe esportivo da Ligier.

Sem dúvida, Jacques Laffite nunca esteve tão próximo do título como em 1979, ano em que apareceram as JS 11. Naquela época, o sonho do início do ano foi apagado pela realidade das corridas que se seguiram ao fogo de palha da América do Sul.

Os erros se multiplicaram: bateu na África do Sul, errou de marcha e destruiu o motor na Espanha, e nem mesmo vice conseguiu ser. No ano passado, conseguiu apenas uma vitória, na Alemanha, e terminou o mundial em quarto.

Este ano porém, as coisas mudaram para o piloto francês. Conhecido como o ano da transição pela Talbot Ligier, uma temporada à espera do motor turbo da Matra, ninguém esperava grandes resultados, muito menos a ascensão de um carro "transitório".

Não se esperava, também, a saída de Gerard Ducarouge da equipe, e nem a chegada de um ex-piloto que teve grande influência na vitória de Jacques em Zeltweg: Jean Pierre Jabouille.

"Eu não sei como o pessoal da Renault foi tão inconsciente a ponto de permitir a saída de Jean Pierre", afirmou Laffite ao Jornal francês L'Equipe a propósito de Jabouille e de sua atual função na equipe Talbot Ligier.

Responsável pelo desenvolvimento dos Renault, engenheiro sem diploma, uma espécie de Ricardo Divila, o brilhante projetista da Fittipaldi, piloto, Jabouille é um apaixonado pela mecânica, pelo "acerto" de um carro. Na época em que a Renault pensava em disputar na Fórmula 1, Ronnie Peterson foi lembrado, e Jabouille se defendeu:

"Vocês podem chamar o Ronnie, pois ele é realmente muito rápido. Só que por ser piloto ele vai dar para vocês 1 segundo de vantagem em relação a um outro piloto. Eu posso dar dois, porque sei como acertar um carro. A vantagem está do meu lado".

Isso foi em 1976, quando ele ainda testava o Renault protótipo para a F1. Agora, com a saída de Ducarouge, Jean Pierre Jabouille é o responsável por todas as adaptações e regulagens do carro de Laffite, seu concunhado.

A verdade é que, coincidentemente ou não, as coisas tem andado melhor com a equipe depois que ele passou a ser o seu supervisor técnico, talvez pelo fato de que Jabouille raciocine como piloto e não como engenheiro, erro de que foi acusado Ducarouge, e de aplicar as modificações como engenheiro e não como piloto.