terça-feira, 18 de julho de 2017

JODY SCHECKTER


Dois dias depois da realização do Grande Prêmio da Inglaterra, Jody Scheckter anunciou, em Milão, que abandonará o automobilismo no final da temporada. Nesse depoimento exclusivo, ele comenta sua decisão:



"Quando comecei a correr profissionalmente, tinha uma grande paixão pelo automobilismo. Nada era mais importante para mim. E, correr de automóvel, é uma profissão que precisa de 110 por cento de dedicação, dentro e fora das pistas. Atualmente não tenho mais tanto entusiasmo, por isso estou parando.

Outros esportes, como tênis e golfe, permitem que se continue praticando mesmo sem ter mais motivação. Mas, no automobilismo, você fica tão perto da glória, tentado pelo dinheiro e cercado de riscos, que se não tiver uma motivação, não consegue correr.

Anunciei essa decisão agora e não em outubro, quando a temporada termina, porque a equipe Ferrari foi muito boa para mim, me dando a oportunidade de vencer o Campeonato Mundial. Então, anunciando agora meu afastamento, estou dando a oportunidade a eles de escolher rapidamente meu sucessor.

Muita gente pensa que essa minha decisão foi motivada pelos péssimos resultados dessa temporada. Mas não foi.

Pilotos profissionais (ou esportistas de todas as espécies) não se retiram simplesmente por causa de más atuações. Quando parei para analisar a situação, para fazer um balanço, resolvi parar.

Deixei a Africa do Sul em 1971 determinado a ser campeão mundial. E consegui.

Naquela época, eu só tinha um pensamento: correr de automóvel e chegar ao máximo, não importando o resto. É como quem almejasse escalar o Everest. Depois que consegue, não vai querer voltar lá.

Quando vim para a Ferrari, muita gente me contou histórias terríveis sobre o relacionamento entre piloto e equipe na Ferrari.

Certamente, no passado, tenha havido alguns incidentes. Mas, honestamente, meu relacionamento na equipe foi o melhor que tive em minha carreira. Claro que houve momentos de tensão e discussões. Só que os argumentos mais justos sempre prevaleciam e o relacionamento voltava a ser bom.

Talvez acreditando que eu fosse para uma outra equipe no próximo ano, o pessoal da equipe não vinha me deixando ter acesso a muitas informações sobre o programa de desenvolvimento do turbo.

Agora, anunciando a minha saída, a situação é outra. Estamos jogando abertamente e eles podem confiar em mim para o desenvolvimento do carro turbo. E o que eu gostaria realmente é que esse carro fosse competitivo. Isso poderia até me dar uma nova vitória antes do final do ano.

Ainda é cedo para pensar no que fazer depois de parar com as corridas. Não tenho nenhum plano de voltar para a Africa do Sul. Depois de nove anos, me considero europeu e estou muito feliz morando em Mônaco."