quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TESTE HISTÓRICO






1956 - As 9:45 hs da manhã de 26 de março último, êste Plymouth com turbina partiu de Nova York para atravessar os EE.UU. de costa a costa em 4 dias.

Não ocorreram falhas sérias. Um motor de pistão não faria melhor.

No seu aspecto externo, aquêle Plymouth 56 não apresentava nenhuma novidade. Mas a longa viagem que ia iniciar, às 9:45 hs da manhã de 26 de março, de Nova York a Los Angeles, seria observada com enorme interêsse: sob o capô do carro de série havia um motor inteiramente diverso dos motores comuns, de pistão.

Havia uma turbina a gás que seria submetida a um teste de vários dias, sob as mais diferentes condições de estrada, de altitude e de temperatura. Em resumo, um teste definitivo que aprovaria, ou não, os esforços de 11 longos anos da Chrysler empenhada em criar um motor de turbina a gás capaz de abrir novos horizontes à atual indústria automobilística, e substituir possivelmente com vantagem o tradicional motor a pistão.

No quarto dia após a partida de Nova York, depois de ter percorrido 4.800 quilômetros, o Plymouth a turbina alcançou Los Angeles, precisamente às 11:55 hs do dia 30 de março.

Pela primeira vez, um automóvel equipado com com uma turbina a gás realizara a jornada transcontinental, atravessando os Estados Unidos de costa a costa.



"O carro a turbina apresentou menos falhas do que motores de pistão do último tipo ao serem submetidos a provas iguais " declarou em seguida James C. Zeder, vice-presidente da Chrysler.

E acrescentou George J. Huebner, o engenheiro-chefe incumbido das pesquisas: "Realmente, estamos maravilhados com o desempenho do nosso motor a turbina!".

Em estrada aberta, ao longo da travessia, a velocidade média do carro foi de 65 a 70 quilômetros à hora, o motor consumiu cêrca de 20 litros de combustível por 100 quilômetros.


NOVOS APERFEIÇOAMENTOS

Há precisamente dois anos a Chrysler revelava ao público os resultados das suas pesquisas altamente sigilosas em tôrno do seu motor a turbina a gás. Já poucos anos antes, a Rover (inglêsa) fizera demostrações do seu carro equipado com um motor de tipo parecido, e a FIAT (italiana) não demoraria, por sua vez, em exibir o seu próprio modêlo elaborado também em absoluto segrêdo.

Um dos principais problemas do motor a turbina a gás consistia no excessivo consumo de combustível, se bem que êste pudesse ser de baixa caloria, ou de derivados de petróleo, do querosene para cima.

Foi quando a Chrysler anunciou haver elaborado um sistema capaz de manter o consumo de carburante dentro de limites muito mais econômicos: um permutador ou regenerador térmico aproveitaria a maior parte do calor desperdiçado na descarga, utilizando-o para pré-esquentar o ar antes de êste penetrar na câmara de combustão.

A recente experiência que submeteu a turbina Chrysler a um percurso de cêrca de 4.000 quilômetros, confirmou o consumo relativamente baixo, de 20 litros por 100 quilômetros. Está superada assim, praticamente, o que vinha constituindo um dos maiores obstáculos da turbina a gás.




Outro problema consistia na produção de um motor de turbina a gás, com regenerador térmico, capaz de caber no espaço reservado ao motor comum de pistão. Os engenheiros da Chrysler encontraram a solução.

Várias são as vantagens da turbina a gás sôbre o convencional motor de pistão. O primeiro é 25% mais leve que êste e tem apenas um quinto das principais peças móveis. 

Está praticamente isento de vibrações, requer lubrificação apenas sumária, não possui radiador, exige só reduzido serviço de manutenção e funciona com um a única vela de ignição, que opera uma só vez em cada ciclo de trabalho do motor, porquanto a turbina não requer mais ignição depois de dada a partida.

Mas, a exemplo do Firebird II da General Motors, das turbinas Rover, Austin e Fiat, a Chrysler não pensa tão cedo em produzir comercialmente seu novo motor.

Terão que transcorrer alguns anos, quando se  houverem aperfeiçoado os atuais processos de usinagem, pois as ligas metálicas necessárias para suporta as elevadas temperaturas (acima de 800 graus centígrados) têm que ser extremamente duras. E atualmente essas ligas são excessivamente caras.

De qualquer maneira, já foi dado um grande passo, e certamente um passo decisivo, que nos faz esperar que dentro de mais uns quatro ou cinco anos o automóvel de passeio com motor de turbina a gás se encontre dentro das cogitações normais.