sábado, 7 de janeiro de 2012

STOCK-CARS EM PORTUGAL


E o que achou a imprensa portuguesa?

"Paulão"


Nas duas etapas do Estoril, pelo menos 30 jornalistas portugueses foram credenciados para cobrir os eventos. Deste total, a metade trabalha regularmente em jornais e revistas especializadas e o resto era composto por radialistas, pessoal de televisão ( que desde a "revolução dos cravos" não transmitia diretamente uma corrida de automóveis em Portugal ) e colaboradores de diversos jornais.

Depois da primeira etapa, o que pôde sentir-se foi uma estranha mistura de contida admiração e, pasmem, ao mesmo tempo, um exacerbado senso crítico.

Mesmo reconhecendo que há muito tempo não se assistiam disputas tão equilibradas, a imprensa não poupou a Stock-Cars (principalmente contra os administradores e pessoal técnico do Autódromo do Estoril) de uma análise que de tão fria se transformou em injusta: "Álcool Não Chegou Para Aquecer", "Insosso Stock-Cars", "Stock, Samba de Ritmo Lento", foram algumas das manchetes.

Se houve surpresas pela reação de nossos companheiros portugueses, ficou também a impressão de que existe uma clara má vontade para com o pessoal técnico e administrativo do Autódromo do Estoril que, diga-se de passagem, foi de incontestável competência.

Esta impressão transformou-se em quase certeza quando nos deparamos com quase 30 linhas de texto de um semanário especializado, preocupado exclusivamente em criticar o fato de o amável diretor da prova, Armando Pinto, teria usado, durante sua função, um boné da equipe Shell-Luma ...

Então, azar o nosso, que ficamos expostos a intenso fogo cruzado. Mesmo assim, depois da segunda etapa, procuramos conversar com os verdadeiros "entendidos" que, por certo, apresentariam um enfoque mais realista e menos emocional de todo o espetáculo. O que vocês acharam ? Valeu a pena o investimento ? O que poderá ser aproveitado desta experiência ? Para responder a estas perguntas escolhemos Rui Faria, de Auto Sport, Manuel Romão, do jornal A Bola, e José Miguel Barros, da revista Turbo.

RUI FARIA - " As provas foram inferiores ao clima de expectativa que criou-se e, também à própria divulgação. Com certeza, o circuito também não ajudou porque é curto e rápido, impedindo que pilotos com carros inferiores conseguissem equilibrar esta inferioridade nos trechos mais lentos, com curvas de baixa velocidade. O público também não compareceu em massa porque tem muitos anos que já não sabe o que são boas corridas de automóveis, apesar de termos tido aqui provas de Fórmula 2 e do Mundial de Marcas. Mas, as duas no circuito completo, não como a Stock-Cars, pelo anel externo.

Em Portugal, o que empolga são os Ralis e as provas de rua como Vila Real e Vila do Conde, no norte do país. Se a Stock-Cars fosse disputada lá, teríamos pelo menos cinco vezes mais público, mas seria um risco que o pessoal da categoria não está acostumado a enfrentar. Nossos melhores pilotos são de lá e, com certeza, se tivéssemos uns três ou quatro portugueses correndo regularmente no Brasil como o PQP, o espetáculo seria uma festa. Acho que isto ainda pode acontecer ano que vem".

MANUEL ROMÃO - " O português está acostumado a um automobilismo pobre, sem pistas. Acho que valeu a iniciativa porque quebrou a monotonia. Nossos carros são antigos, Grupo 1 e 2 da FISA e os monopostos, também velhos, só correm em subidas de montanha, na Fórmula Livre.

As provas de Stock-Cars foram boas, mas houve uma divulgação muito em cima da hora, sem planificação. Mas uma coisa ficou definida: em Portugal, a única saída para um automobilismo de primeiro nível são as categorias monomarcas, mais equilibradas. Apesar da tradição dos Ralis, os Troféus Datsun, de 1971 a 1973 e Mini de 1978 a 1980, conseguiram trazer muita gente ao autódromo. O grande problema para a monomarca é a falta de apoio. Os representantes das marcas em Portugal não se interessam simplesmente porque todas as suas cotas são vendidas com facilidade. Então, para quê investir em promoções ".

JOSÉ MIGUEL BARROS - " Correu tudo dentro das expectativas, a nivel de competição, e abaixo, a nível de desempenho. Nossos Comodoros, de Grupo 1, quando correm são mais rápidos. Como exemplo para o automobilismo português posso citar o alto nível de profissionalismo dos brasileiros, que consegue nivelar a preocupação com o desempenho do automóvel ao retorno promocional do patrocinador. O ambiente ente os pilotos é bom e a adaptação deles às condições da pista demonstrou que todos são profissionais de larga experiência. se as duas provas reunissem uns 30 carros, seria um espetáculo de primeira grandeza".