Há quem diga que ele pilota melhor do que Nelson Piquet. O que é no mínimo, uma incoerência. Principalmente porque, estando Piquet na Formula-1 e ele na Formula-Ford, a diferença entre as duas categorias é mais ou menos como a da bicicleta para o velocípede. Uma coisa, porém, é certa : Roberto "Pupo" Moreno, carioca de 22 anos, criado em Brasília, é do ramo. E tem justamente em Piquet, seu amigo de infância, o melhor padrinho. O que, no mundo do automobilismo de hoje, conta muito ponto.
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Quando os dois se conheceram, já em Brasília, Moreno tinha apenas 12 anos e Piquet, com 19, vivia metido em corridas. A influência em Moreno foi imediata e, com 15 anos, ele começou a correr com karts. Fez isso de 1974 a 1979, ganhando experiência e títulos. Em 1980, se mandou para a Europa e, como uma quantidade de outros brasileiros, foi tentar a sorte na Inglaterra.
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Começou como piloto de provas, mas logo passou a competir na Formula-Ford. E, no ano passado, explodiu: ganhou o Campeonato Mundial da categoria, o vice Europeu e o Título inglês da série Townsend Thorensen. Já era, então, observado pelos construtores da Formula-1 e logo recebeu um convite de Colin Chapman, da Lotus, para testar seus carros. Topou. Agora, Moreno disputa, com o chileno Eliseo Salazar, a vaga de segundo piloto do time (sua desvantagem é que Eliseo traz, consigo, 1 milhão de dólares em patrocínios).
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Moreno, porém, continua na sua, pilotando no peito e na raça. Ainda no último domingo, correndo num modelo RALT (igual ao de todos os outros competidores) no Grande Prêmio da Australia de Formula-Atlantic, Moreno derrotou, nada mais, nada menos, que seu amigo Nelson Piquet, e o australiano Alan Jones. Quer dizer: os campeões de 1981 e 1980 na maior categoria do automobilismo. Para quem está começando, é a marca do sucesso. E, hoje, nas páginas especializadas da imprensa do mundo inteiro, a melhor notícia da entressafra é que um brasileiro saído da Formula-Ford tomou conta do circo principal e, para início de conversa, superou logo seus maiores astros: seu conterrâneo Piquet e Jones. Se era de um cartão de visitas que Moreno precisava, ganhou-o, sem dúvida, em Melbourne.
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