sábado, 3 de outubro de 2015

PEGA DE CAMPEÕES

Público assistiu a proeza de Ayrton Senna no kartódromo do Flamengo

1982 - Para os organizadores locais do XVII Campeonato Brasileiro de Kart, tão importante quanto o perfeito andamento das provas era dar ao público presente ao Kartódromo do Flamengo as mais diversas formas de divertimento e emoção. Assim, nada mais natural do que convidar alguns pilotos (ou ex-pilotos) ali presentes como espectadores, para uma prova extra, não prevista no programa oficial.

O desafio foi lançado na noite de sábado, durante um coquetel, e de imediato todos toparam. A relação dos inscritos era garantia de bom espetáculo.

Entre outros, contavam os nomes de Ayrton Senna da Silva, duas vezes vice-campeão mundial de kart, Roberto Pupo Moreno, piloto de testes da Lotus de Fórmula 1, Alex Dias Ribeiro e Wilsinho Fittipaldi, ex-pilotos da categoria mais nobre do automobilismo mundial, e Maurizio Sala, instrutor de kart e um ex-campeão brasileiro da modalidade.

Aí, começou a agitação. Cada piloto tratou de conseguir entre os participantes do Campeonato Brasileiro (amigos ou não) os melhores chassis e motores. Afinal, muito embora fosse uma prova promocional que não valia nada, não havia motivo para fazer feio perante tão seleta concorrência. Tudo certo, ficou determinado que eles teriam quatro voltas antes da largada para se ambientarem aos karts e à pista.

Era pouco, na verdade, e então Alex Dias Ribeiro tratou, por conta própria, de resolver o problema. Aproveitando a distração dos fiscais, misturou-se, por duas vezes, aos treinos normais das outras categorias, e não fosse a deduragem de seus adversários que ficaram nos boxes chupando o dedo, ninguém descobriria sua verdadeira identidade.

O drible de Alex pouco ajudou. Na corrida, o show foi todo dado por Ayrton Senna da Silva, que depois de ultrapassar Roberto Moreno nas primeiras voltas, liderou com tranqüilidade até o final, na 12ª volta. Ayrton inclusive, foi autor de uma proeza que os mais céticos custaram a acreditar.

Sua melhor volta na prova foi 36,86 segundos, ou seja, a melhor de todo o Campeonato Brasileiro, e a apenas quatro centésimos de segundo abaixo do recorde oficial da pista, assinalado pelo paranaense José Chemin antes da construção de algumas lavadeiras.

Maurizio Sala terminou em segundo lugar, enquanto Roberto Pupo Moreno sequer completou a prova. Na penúltima volta, rodou e desistiu. Já Alex Dias Ribeiro e Wilsinho Fittipaldi, completamente esgotados pelo esforço, chegaram ao final, mas bem distante dos dois ponteiros.