sábado, 11 de fevereiro de 2012

TEMPORADA DE 1976 NO BRASIL





O ano de 1976 tinha tudo para torna-se o melhor do automobilismo brasileiro em todos os tempos. Cinco campeonatos com datas seguidas à risca (à exceção de proximidade a feriados), fortalecimento das categorias de monopostos, o esperado equilíbrio da Divisão 1 e estabilidade político-administrativa na CBA.

O que realmente estragou o ano foi a proibição temporária das corridas nacionais, durante exatamente um mês, a partir de 25 de julho.

A união total - pilotos, chefes de equipe, dirigentes e jornalistas - evitou o pior. O governo acabou convencendo-se de que os gastos de combustíveis no automobilismo são desprezíveis, mas insiste em destacar o "efeito psicológico" que poderia atuar no grande público e prejudicar a campanha de poupança de gasolina.

Foi mais além, negando inclusive a liberação do álcool, combustível produzido no país. Com a crise de confiança gerada, principalmente entre os patrocinadores, e as restrições aos treinos, 1977 será um ano difícil para o esporte motor nacional. Bem mais do que o ano de 1976, quando o cancelamento das provas de estreantes e novatos, de alguns campeonatos regionais e a proibição total de treinos extra-oficiais abalou a todos.

Pelo menos quatro pilotos, desiludidos com a situação e/ou sonhando alcançar o olimpo da Fórmula 1, partem este ano para a Europa. Uma invasão da Fórmula 3 e até da Fórmula-Ford programada por Nelson Piquet, Fernando Jorge, Mário Pati e Francisco Serra, além de Paulo Gomes, Mário Ferraris e Aryon Cornelsen, que voltam este ano.

O Campeonato Brasileiro de Fórmula VW 1600 continuou sendo o de maior prestígio, reunindo os carros mais velozes e os principais pilotos. Mas, o domínio de Nelson Piquet impediu a decisão na prova final, sem o equilíbrio dos campeonatos de 1974 e 1975.

A Fórmula VW 1300, no ano passado disputada nacionalmente pela primeira vez, destacou-se pelo grande número de inscritos. Uma decisão infeliz do assessor jurídico da CBA causou confusão no final do campeonato. Mas o STJD recusou o parecer, entendendo que Plácido Iglésias só deveria perder os pontos da prova em que foi desclassificado de acordo com o novo Código de Disciplina Desportiva, uma das conquistas de Charles Naccache, presidente da CBA.

A Fórmula Ford reingressou no caminho certo como categoria-escola. Cresceu o número de interessados, caíram os custos e quatro pilotos chegaram ao final com chances reais ao título. Foi a categoria que apresentou algumas das melhores dispustas do ano.

A Divisão 3, ao contrário, esteve sempre em crise, principalmente a Classe B, extinta a partir deste ano. Apenas os carros pequenos salvaram o espetáculo.

A nova Divisão 1, calcada no Grupo 1 FIA, comprovou o acerto da CBA. A Classe C mostrou grande equilíbrio entre Maverick e Opala, porém o resultado da etapa de Interlagos ainda está sub-judice, impedindo a confirmação do título de Bob Sharp. Na Classe A, o domínio dos novos Passat TS nas provas finais de 76 pode desequilibrar a disputa de marcas este ano.

Entre outros aspectos positivos do ano que passou estão a inauguração do autódromo de Guaporé ( o do Rio de Janeiro será inaugurado em breve), o início da fabricação de pneus slick e caixas de câmbio nacionais e a atuação do Automóvel Clube Paulista, pioneiro no patrocínio de uma equipe de Fórmula VW e nos planos para a organização de Ralis modernos, em 1977.

A lamentar o acidente rodoviário fatal, que vitimou Afrânio Ferreira Jr., uma das boas promessas do esporte. Também em estradas, Ricardo Lenz e Paulo Prata acidentaram-se, obrigando o primeiro a afastar-se definitivamente das pistas.

*