terça-feira, 8 de maio de 2018

EAU ROUGE




1993 - Na corrida anterior à de Monza, na Bélgica, meu desempenho foi satisfatório. Tive sorte. 

No grid de largada, apenas preenchi um espaço entre os três primeiros colocados, que brigavam por posições, e o quinto, Johnny Herbert.

Saí bem e consegui tirar o melhor proveito da situação. Logo à frente, Michael Schumacher bobeou e não impediu a minha ultrapassagem. Em seguida, Jean Alesi fechou o espaço por dentro. Então, manobrei por fora, passei e aproveitei também para surpreender o Damon Hill, deixando-o para trás.

Na volta seguinte, porém, o piloto da Williams me superou com tranqüilamente. Três voltas mais tarde, Schumacher começou a me pressionar. Parou nos boxes para a troca de pneus e fiz o mesmo. Quando terminei o pit stop, o alemão passou por mim, roubando o lugar no pódio.

Quero comentar um problema sério de segurança em SPA Francorchamps: a curva Eau Rouge. No briefing dos pilotos, o assunto veio à tona. Gerhard Berger disse que era um perigo desnecessário aos pilotos.

Solução ideal: aumentar a área de escape.

O diretor da prova, Roland Bruynseraede, explicou que, devido à regulamentação das ruas locais, seria impossível mexer naquela área.

Levantei, então, a necessidade de a curva toda ser redesenhada.

Afinal, o desafio de uma tangência não pode valer mais do que a vida dos pilotos, que atingem 300 km/h naquele ponto.

Não houve uma vez sequer em que a fiz sem me perguntar se sairia inteiro do outro lado.

Até quando ficaremos sujeitos à ameaça de um acidente fatal?




AYRTON SENNA