1978 - Nosso maior problema no Grande Prêmio da Suécia foi o excesso de velocidade nas retas. Sim, é isso mesmo: excesso de velocidade !!!!!
Nosso carro, o Wolf WR5, foi desenhado para dar um "efeito de asa" graças à forma de suas laterais. O ar, passando sobre elas, cria uma força que empurra o carro de encontro ao chão, dando-lhe aderência nas curvas mas sacrificando um pouco a velocidade nas retas.
Mas quando vimos que nosso carro era um dos três mais rápidos na reta, descobrimos que ele não estava fazendo aquilo para que fora desenhado.
Depois de obter o sexto tempo nos treinos de classificação, fizemos alguns ajustes no carro tentando melhorar sua velocidade nas curvas. Mas logo nas primeiras voltas eu vi que a única coisa que o carro apresentava era velocidade cada vez menor, culpa do motor, que perdia rendimento a cada quilômetro. Quando olhei pelos retrovisores e vi a baforada de fumaça azul saindo pelo escapamento, tive de tomar uma decisão: abandonava a prova, ou tentava ir até o fim, arriscando-me a explodir o motor ? A essa altura, eu estava em sétimo lugar e decidi abandonar.
O grande assunto em Anderstorp foi o novo Brabham-ventilador usado por Niki Lauda.
Antes da corrida, Ken Tyrrel, Colin Chapman, John Surtees e Frank Williams assinaram um protesto, dizendo que o ventilador vai contra o regulamento.
Sua função principal é puxar o ar através do radiador, refrigerando a água, mas ele também cria um vácuo que atrai o carro para o chão, dando-lhe mais aderência.
A FIA vai se reunir para opinar, mas na minha opinião é de que será uma decisão muito ampla: não se trata de dizer se o Brabham é ilegal, mas de decidir se a Fórmula 1 precisa ou não desse tipo de tecnologia.
Se o ventilador for aceito, todas as equipes terão de instalar um em seus carros o mais rápido possível, pois é inegável sua eficiência.
No momento, os Lotus, Shadow e Wolf têm uma aerodinâmica apropriada para dar mais aderência; as outras equipes obtêm isso por meio dos já aprovados aerofólios.
Mario Andretti foi muito enérgico ao liderar os protestos, dizendo que o ventilador do Brabham atira detritos, poeira e pedras nos pilotos de trás, mas eu não estou bem certo de que isso seja o grande problema: as rodas traseiras de um Fórmula 1, com suas 18 polegadas de largura, também jogam pedras para trás com a força de balas de um revólver. E ninguém se queixa.
O que ninguém admitiu até agora é que o Gordon Murray deu um salto à frente de todas as outras equipes: seu invento é, além de eficiente, muito barato. E eu gostaria de aplaudi-lo por isso.
A maioria das coisas, nas corridas, custa rios de dinheiro, e Bernie Ecclestone admitiu que todo o sistema de ventilador do Brabham pode ser construído e instalado num carro por menos de CR$ 100.000,00 (nota blog: preço de um Passat), o que em termos de Fórmula 1 é uma ninharia.
Teddy Mayer, da McLaren, fez as contas recentemente e descobriu que cada quilõmetro rodado por seus carros custa CR$ 5.500,00, portanto, CR$ 100.000,00 não passam de um pingo d'água num barril !!!!!!!!!!